quinta-feira, 21 de junho de 2012

USP desenvolve Programa de Educação a Distância para estudantes de dermatologia

Modalidade de ensino pode melhorar aprendizado, além de virar uma alternativa para a pouca carga horária desta especialidade

Pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolveu programa de educação a distância (EAD) em Dermatologia para estudantes de medicina de graduação e demonstrou que a modalidade de educação pode melhorar o aprendizado dos alunos. De acordo com a dermatologista e professora universitária Cristiana Silveira, o intuito foi avaliar o impacto deste mecanismo de ensino no aprendizado dos alunos e buscar uma alternativa para a pouca carga horária desta especialidade nos cursos de graduação brasileiros.

A pesquisadora explica que, ” embora 15 % das queixas nos ambulatórios gerais de medicina sejam devido a problemas dermatológicos, os médicos se sentem pouco à vontade para conduzir o tratamento de um paciente com doenças na pele, pois em geral seu contato com doenças dermatológicas na faculdade é muito restrito. Se resume a uma média de 25 horas de aula durante todo o curso” .

A pesquisa envolveu 44 alunos do segundo ano de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Tecnologia e Ciências de (FTC) de Salvador, na Bahia. O curso foi composto por video-aulas, textos, forum de discussão e questões de reforço após as aulas. O assunto do curso incluiu anatomia, histologia, fisiologia e propedêutica dermatológica.

Os estudantes foram divididos em dois grupos. Após uma avaliação de conhecimento prévio, um dos grupo participou de atividades apenas presenciais. O outro, além das aulas presenciais, teve acesso ao curso de educação à distância. Ao término, foram realizadas novas avaliações e verificado que os alunos que realizaram os dois tipos de atividade tiveram melhor desempenho nas provas. A dermatologista explica que ” houve uma diferença de 1.15 pontos entre os grupos na avaliação posterior ao curso. A media dos que tiveram acesso às aulas on line foi 8.9, enquanto a dos alunos apenas presenciais foi de 7.75″ .

Outro dado interessante foi a pesquisa de satisfação em que 98% dos alunos que tiveram acesso às aulas on line conceituaram-nas entre bom e ótimo. ” E passaram a cobrar mais cursos deste tipo, mas existem algumas dificuldades, pois cada aula do curso a distância necessita de um tempo muito maior para ser finalizada, quando comparada ao ensino presencial” , conta.

Ensino à distância

Para ela, embora tenha sido trabalhoso fazer o curso pela primeira vez, a vantagem é que após finalizado basta atualizá-lo. Um fato interessante é a possibilidade de se prender a atenção do aluno e de mantê-lo motivado com a associação de imagens, vídeos e áudios às aulas, pois ” há maior liberdade neste tipo de curso” . Para a dermatologia, em específico, que é uma especialidade visual, ” as imagens complementam a teoria e facilitam o aprendizado” , complementa.

A pesquisadora pôde constatar que, de uma forma geral, existem outros benefícios no uso do ensino a distância quando comparado ao ensino presencial. Um deles é o fato de não ser necessário o deslocamento nem do aluno, nem do professor para o local do curso. Outro é a flexibilidade de horário para o aluno. Segundo a pesquisadora, ” alguns dos estudantes assistiram ao curso de madrugada ou no final de semana e outros o fizeram de forma contínua, ou seja, assistiram as aulas em um mesmo dia, como um curso intensivo” .

Ela diz que o fato de o curso ser a distância ” não significa, entretanto, que vá existir uma ausência de contato entre o professor e o aluno. ” Houve um forum on line para auxiliar em discussões sobre os assuntos das aulas. O aluno postava uma pergunta e em um período máximo de 12 horas a questão era respondida” , comenta. Para ela, esta iniciativa, na realidade, aumentou o tempo de contato entre aluno e professor.

Ainda quanto a esta relação professor/aluno, ela diz ter se surpreendido não tanto com o fato de que alunos disciplinados fazerem o curso de maneira disciplinada, mas ao verificar que alunos que possuíam um comportamento tímido no curso presencial participavam ativamente das aulas on line.

Segurança das informações

Quanto à segurança, o site possui acesso restrito. O aluno só pode acessá-lo por meio de uma senha pessoal. Assim, o conteúdo do curso é disponibilizado apenas para os alunos cadastrados, até mesmo porque o Conselho Federal de Medicina não permite a divulgação de fotos de pacientes sem a finalidade de estudo.

Distância e medicina

” Apesar de os cursos de medicina ainda serem essencialmente presenciais, os cursos à distancia podem se tornar uma alternativa para complementar o tempo de treinamento em dermatologia durante o período de graduação” . E reflete que um médico com pouco tempo de treinamento pode não conduzir bem o tratamento de seus pacientes. E, com isso os gastos com saúde aumentam” .

Ela espera que em breve essas novas modalidades de educação passem a fazer parte do treinamento médico em dermatologia. Outra modalidade que utiliza as novas tecnologias a serviço da dermatologia é a teledermatologia que tem se tornado ” uma nova opção ao atendimento a pacientes que possuem problemas de locomoção ou se encontram em áreas de difícil acesso .”

Para o estudo foi desenvolvido um curso a distância em conjunto com o professor Murilo Barreto do Departamento de Informática Médica da FTC. A dissertação de mestrado Projeto de educação a distância em dermatologia voltado para estudantes de graduação em medicina foi orientada pelo professor Paulo Criado, da FMUSP.

Com informações do R7

Univesp e IMD oferecem educação a distância

A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) oferece cursos de graduação e pós em diversas áreas do conhecimento que mesclam aulas presenciais com atividades que podem ser realizadas pela internet. Na mesma linha, no segundo semestre deste ano a USP pode vir a aprovar o Instituto de Midias Digitais (IMD), cujo nome ainda é provisório, mas que pretende desenvolver ensino, pesquisa e extensão com base em vídeos, imagens, áudios e textos também por meio da internet.

A ideia dos projetos é similar: disseminar informação por meio do uso de novas tecnologias. O professor Gil da Costa Marques, do Instituto de Física (IF) e um dos responsáveis pelo pedido de criação do IMD diz que “a ideia é proporcionar aos alunos, professores e comunidade em geral, ferramentas que facilitem o acesso à Universidade, complementares ao estudo presencial.” Já o coordenador da Univesp Carlos Vogt comenta: “a Univesp apresenta cursos universitários e tem planos de criar cursos, visando a formação do cidadão”.

Porém, existem diferenças na forma de oferta dos cursos. Enquanto o IMD pretende ter todas as suas aulas abertas ao público, a Univesp tem como procedimento convênios feitos para a realização de vestibulares como o feito com a Fuvest para o curso semipresencial de Licenciatura em Ciências. Isto porque, explica Marques, a intenção do IMD é “a extensão do conhecimento a pessoas com dificuldade de acesso à Universidade por uma questão de trânsito ou por morarem em locais diversos do país.” Já Vogt insiste na ideia de que a Univesp não fornece educação a distância, mas cursos semipresenciais que se utilizam de recursos como a internet como complemento.

Do ponto de vista acadêmico, a diferença é que a Univesp “oferece cursos em parceria com as universidades estaduais paulistas e com o Centro Paula Souza, além de cursos autônomos”, de acordo com Vogt. Enquanto o IMD será responsável por cursos de acordo com as necessidades de cada unidade da USP, preservando suas autonomias.

O discurso de ambos é unívoco, no entanto, quando se fala sobre a questão de relacionamento entre professor e aluno. O professor Marques, por exemplo, afirma que as aulas virtuais “ não substituem as aulas presenciais”, mas dão ao aluno acesso ao conteúdo da mesma em outro horário ou local, quando não possa comparecer à sala de aula. Havendo também a possibilidade de que se contabilize a presença “uma vez que é possível controlar o acesso do aluno ao sistema. Ele diz que, no entanto, “cada professor estabelece a quantidade ou porcentagem de aulas virtuais que conta como frequência”.



Recursos


A diferença básica na forma de obtenção de recursos entre os dois é que a Univesp é uma fundação que será gerida a partir de “financiamento público do Governo do Estado de São Paulo que nada tem a ver com o Imposto de Circulação Sobre Mercadorias (ICMS)” explica Carlos Vogt. Enquanto “o IMD será um Instituto da USP e utilizará recursos fornecidos pela própria universidade”, de acordo com o professor Marques.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

UNIVESP – Universidade Virtual de São Paulo é aprovada

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo aprovou nesta terça-feira, 19, o projeto de lei que institui a criação da Fundação Universidade Virtual do Estado de São Paulo – Univesp para oferecimento de cursos a distância. A instituição será vinculada à Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, para a qual terá de enviar, a cada cinco anos, um relatório com a avaliação das atividades e comprovação de que a fundação vem cumprindo seus objetivos.

De acordo com exposição de motivos assinada pelo então secretário de Desenvolvimento Social, Paulo Alexandre Barbosa, a criação da Univesp possibilitará a universalização do acesso ao ensino superior público e ao conhecimento na sociedade digital. Segundo o secretário, tais objetivos serão alcançados a partir da oferta de vagas de graduação e de pós-graduação, e também por meio de cursos de extensão, atualização e educação continuada.

A Fundação precisará agora ser credenciada pelo Conselho Estadual de Educação e pelo MEC, para emitir diplomas. O processo pode demorar entre um e dois anos.

A ideia do governo de dar autonomia à Univesp. Além dos cursos próprios, a Univesp continuará realizando parcerias com USP, Unesp e Unicamp e o Centro Paula Souza. A meta é atingir, em quatro anos, a marca de 24 mil alunos, dos quais 12 mil próprios e 12 mil em cursos conveniados.

O programa Univesp foi lançado em 2008. Os cursos de graduação e pós são semipresenciais, ou seja, têm atividades online e encontros presenciais (que somam de 35% a 60% da carga horária total). Os alunos também assistem a programas produzidos pela Fundação Padre Anchieta e veiculados no canal digital 2.2, da TV Cultura.

Sete dicas para escolher um curso de inglês online

Testes, rapidez na comunicação com o estudante e ferramentas para tirar dúvidas, discutir e treinar o idioma são recursos fundamentais para aulas de inglês online.

“Existem cursos ótimos, alguns com professores nativos, o que permite contato com a comunidade internacional. E, normalmente, os a distância também são mais baratos que os presenciais”, afirma Rosangela Garcia Medeiros, coordenadora de letras das Faculdades Anhanguera de Guarulhos.

A escolha, porém, pode ser complicada. Atualmente, não há normas, rankings ou selos que atestem a qualidade das aulas virtuais. Além disso, os dados do Procon (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor) não identificam quais reclamações de cursos de inglês se referem aos a distância.

Para fazer a melhor opção, confira as sete dicas:

1- Solicite um período de experimentação

Alguns cursos oferecem períodos de uso gratuito, de uma semana ou um mês. Assim, você pode verificar se se adapta ao sistema e ao material fornecido. A coordenadora de Educação a Distância da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Angelita Quevedo, entretanto, diz que a prática não é comum. Vale a pena perguntar à instituição responsável pelo curso.

2- Verifique se o curso oferece exercícios

Perguntas na forma de testes com respostas que aparecem na sequência podem ser motivadoras. Por exemplo: a mensagem “Parabéns! Você acertou 5 de 7 questões”, estimula a ir para a próxima lição. Já a mensagem “Você acertou 2 de 7 questões. Estude mais” mostra que é preciso mais esforço, diminui a ansiedade e ajuda a manter o interesse.

3- Correção rápida e agilidade na comunicação

Para os exercícios com respostas abertas, é preciso que a correção seja ágil: o ideal é que leve entre um e dois dias, no máximo. É bom ter cuidado quando há ausência de comunicação ou falhas no contato com professores e técnicos. Se ocorre demora na resolução de problemas ou na resposta às dúvidas, é sinal de que o curso não é sério.

4- Foco nas quatro habilidades: falar, ouvir, ler e escrever

É necessário checar se o curso tem ferramentas para treinar a fluência oral (a chamada “conversação”, que inclui a capacidade de entender e de responder adequadamente), a leitura e a escrita.

Se seu foco é somente escrita e leitura, teoria, exercícios gramaticais e ortográficos ajudam a alcançar o objetivo. Para a conversação, é preciso verificar se a instituição tem recursos para teleconferências, que permitam a um professor ou tutor corrigir os problemas de pronúncia.

5- Professor disponível

Mesmo para cursos online, a disponibilidade de professores ou tutores é um ponto chave. É preciso que estes profissionais estejam a postos para corrigir textos e pronúncia. Normalmente, em cursos online o professor tira as dúvidas em chats, fóruns, videoconferências ou audioconferências.

6- Teste de seu nível antes de começar

O curso deve oferecer meios para a avaliação do seu conhecimento prévio do idioma. “Se você já tem uma noção e começa pelo básico, fica desmotivado e acaba desistindo”, aponta Rosangela. Com exercícios de proficiência, a escola consegue colocar numa mesma sala virtual alunos que estejam no mesmo nível de aprendizado do inglês.

7- Cheque se há base teórica

“É preciso tomar cuidado com a falta de explicação teórica, no caso de gramática, e com a falta de exercícios”, alerta Angelita.

Com informações do UOL

Fonte: Arquivado em Cursos Online , Educação a Distância

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Plataformas online são tendência no ensino em países estrangeiros

É possível que, no futuro, escolas e universidades sejam deslocadas para uma grande sala de aula na web? O investimento de prestigiadas universidades americanas no sistema de ensino a distância aponta que o método está ganhando cada vez mais espaço no meio acadêmico. Recentemente, gigantes do ensino superior nos Estados Unidos têm aprimorado iniciativas que remontam a projetos como a Khan Academy, site criado em 2006 que disponibiliza videoaulas educativas gratuitamente.

Hoje, mesmo quem não está matriculado em grandes centros universitários tem acesso ao conteúdo das aulas presenciais e pode participar de fóruns online, interagindo com outros estudantes e com professores, a custo zero. A proposta interativa é a base de novas plataformas como o edX, uma parceria entre a Universidade de Harvard, o Massachussetts Institute of Technology (MIT) e o Coursera, do qual participam cinco universidades americanas.

Oferecendo cursos de centros como Princeton e a Universidade da Califórnia em Berkeley, o Coursera teve início no segundo semestre de 2011, quando o departamento de Ciências da Computação da Universidade de Stanford lançou sua plataforma de ensino online. O oferecimento gratuito de apenas dois cursos da instituição levou cerca de 200 mil estudantes do mundo todo a se inscreverem. Segundo Daphne Koller e Andrew Ng, fundadores do Coursera, foi possível perceber no grupo o desejo por experiências educacionais acessíveis e de qualidade e que pudessem capacitar as pessoas a melhorar suas vidas e a de suas comunidades.

A partir de então, o interesse dos estudantes decolou, e foram adicionados novos cursos, que vão desde algoritmos até mitologia grega e romana, oferecidos também por outras instituições conceituadas. Segundo os fundadores, a proposta do Coursera foi muito bem recebida por grandes universidades. O projeto conta com um investimento de US$ 16 milhões (aproximadamente R$ 32 milhões) de empresas do Vale do Silício.

Os cursos oferecidos no site consistem em videoaulas de dez a 15 minutos, disponibilizadas aos poucos (o calendário com as datas de lançamento das aulas está disponível na página de cada curso). As lições são complementadas por meio de testes e exercícios formulados com base em princípios pedagógicos que visam a garantir máxima apreensão e retenção do conteúdo – como o método de domínio da aprendizagem (mastery learning), que permite a cada estudante aprender em seu próprio ritmo. Há, ainda, fóruns interativos onde os estudantes podem trocar ideias com outros alunos e receber feedback dos professores, monitorando seu progresso. O elemento social-interativo é o que diferencia o Coursera de iniciativas como a Khan Academy e os consórcios Open Course Ware – esta última adotada no Brasil por instituições como a Unicamp. Nesse tipo de plataforma, o conteúdo acadêmico disponibilizado gratuitamente em vídeo não é complementado com a assistência dos professores.

Conteúdo, não formação

Os termos do site esclarecem que a intenção do Coursera não é a de substituir o ensino formal: os cursos oferecidos não rendem créditos universitários aos estudantes, e apenas alguns podem emitir certificados de participação, conforme o desempenho do aluno.

Porém, resta o debate sobre como essa nova abordagem irá repercutir no sistema de educação a distância em todo o mundo – somente no Brasil, 15% dos universitários estão matriculados em programas de ensino a distância, e as projeções do Ministério da Educação (MEC) é que o sistema atenda a mais de 600 mil alunos até 2014. “O Coursera tem grande potencial. Certamente o oferecimento de conteúdos educacionais online é uma tendência irreversível que trará impactos na educação formal”, diz o professor Romero Tori, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro Universitário Senac e autor do livro Educação sem Distância – As Tecnologias Interativas na Redução de Distâncias em Ensino e Aprendizagem (ed. Senac).

Segundo ele, os pontos fortes desse tipo de iniciativa são a democratização no acesso ao conhecimento – que oferece oportunidades a pessoas de qualquer lugar ou faixa social que desejem aprender de forma autodidata – e a possibilidade dos professores de escolas formais utilizarem o material online como apoio aos cursos presenciais.

Contudo, Tori não crê que o modelo lançado pelo Coursera aponte para um futuro feito de escolas e universidades virtuais e afirma que a substituição dos cursos formais pelas aulas a distância é uma ideia reducionista. “Esses materiais online distribuídos de forma massificada oferecem conteúdos, não formação. Há muito tempo sabemos que os modelos ‘conteudistas’ e baseados em estímulo-resposta – que são justamente os modelos do Coursera, Khan Academy e outros – são ultrapassados. Não que conteúdos não sejam importantes: o erro está em se parar por aí. A boa educação vai além, com atividades que envolvem construção de conhecimento, aprendizagem por projetos, trabalhos em equipe, sempre supervisionados de perto por professores.”

Tori acredita que projetos como o Coursera podem auxiliar na redução da demanda por conteúdo em sala de aula, liberando tempo das aulas presenciais para atividades de construção do conhecimento, além de “desmascarar” profissionais cujo método de ensino é baseado na simples transmissão de conteúdo.

Para José Armando Valente, professor do departamento de Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp, as próprias limitações existentes no ensino formal do País dificultam que as vantagens oferecidas por esse sistema, como as atividades de criação coletiva do conhecimento, sejam verificadas na prática. “Hoje, nas salas de aula, não existem tantas possibilidades como nos cursos a distância. Você expõe o conteúdo e o aluno não tem chances de aplicar tudo aquilo que ele está vendo”, diz o professor.

Citando o exemplo das aulas de cirurgia médica, o professor ressalta que o sistema não é totalmente adequado a disciplinas de caráter majoritariamente prático, mas diz que, em grande parte das matérias oferecidas atualmente nos cursos a distância, além do conteúdo, há a oportunidade de se desenvolver atividades mais vantajosas do ponto de vista prático por meio das ferramentas interativas do sistema. “É uma grande oportunidade para as pessoas exercitarem o conhecimento”, afirma.

Koller e Ng também acreditam que as possibilidades oferecidas pelo virtual podem dar origem a uma nova experiência potencialmente tão rica quanto as aulas tradicionais. Os cursos online, que até agora se baseavam principalmente em vídeos complementares às lições presenciais, têm grande potencial para criar novas experiências de aprendizagem que vão além das aulas tradicionais, defendem os fundadores do Coursera. Eles ressaltam que, em vez de simplesmente assistirem a uma aula, cada vez mais os estudantes podem acessar recursos online que inspiram novos modos de pensar, praticar e interagir com o material e as pessoas, contribuem para melhores resultados no aprendizado.

O projeto ainda está aperfeiçoando os métodos de ensino e atendimento ao aluno, mas as expectativas são de que dezenas de milhões de estudantes assistam às aulas nos próximos cinco anos, fazendo das plataformas online uma ferramenta de estudo não só dos estudantes americanos, mas do mundo inteiro.

Fonte: Terra

Divulgada a programação preliminar do 18o. Congresso ABED

18° CIAED Congresso Internacional ABED de Educação a Distância “Histórias, Analíticas e Pensamento “Aberto” – Guias para o Futuro da EAD” será realizado em São Luís – Maranhão, nas dependências da UFMA – Universidade Federal do Maranhão abrindo espaço para que pesquisadores, educadores e dirigentes organizacionais possam apresentar seus Trabalhos Científicos baseados em investigação científica; apresentar relatos de Experiências Inovadoras; participar de mesas-redondas com especialistas do Brasil e de outros países; realizar palestras; inserir-se em grupos de trabalho de diferentes linhas de atuação; e estabelecer contatos profissionais. Veja a versão prelilminar da progrmação do evento.

Palestrantes Confirmados

Alan W. Tait – The Open University - Inglaterra “Os imperativos e os desafios da pós-graduação utilizando a educação a distância e oe-learning”

Antonio Cesar Russo Callegari - SEB/MEC – Brasil “Perspectivas para o uso de EaD na Educação básica”

Carlos Eduardo Bielschowsky - Cederj – Brasil

Claudio Rama - Universidad de la Empresa (UDE) en Uruguay – Uruguai “Aspectos econômicos da educação virtual e a distancia- analise das estruturas custos”

João Carlos Teatini de Souza Climaco - ACS/CAPES/MEC – Brasil

Mohamed Ally - Athabasca University – Canadá “M-Learning – Utilização das tecnologias emergentes na educação à distância para aumentar o acesso à educação”

Ormond Simpson - University of London – Inglaterra “Teorias da educação a distancia – motivando os estudantes a aprender”

Paulo Guilherme Domingos Ferreira Simões - Portugal “Ambientes pessoais de aprendizagem”

Ryon Braga - Grupo Hoper – Brasil “O impacto das metodologias da EaD na reconfiguração do ensino presencial”

XU Zhiying - SBTV – STVU Shanghai TV Universidade – China “Inovação e pesquisa na plataforma de suporte ao estudante em educação aberta”

Alex Sandro Gomes - UFPE – Brasil Software livre e a EaD (Projeto Amadeus)
Barry Sponder - Projeto iCreaNet – Dinamarca

Donald Peterson - Inglaterra

Gonzalo Mendieta - Universidade de San Francisco de Quito – Equador

Ileana María Alfonso Cuba - Cuba

Ronaldo Mota - Inglaterra/Brasil

Vicki Goodwin - Inglaterra

Encontros e Apresentações

 Encontro dos Fornecedores de Produtos e Serviços para EaD
Coordenação: Marcos Resende Vieira – WebAula



 Encontro dos Mantenedores de EaD
Coordenação: Márcia Figueiredo – Barão de Mauá

Susane Garrido – Estácio de Sá



 Encontro das Universidades Corporativas

Coordenação: Lucy Ferraz – Hughes



 Encontro de Tutores e Professores de EaDCoordenação: João Mattar – PUCSP – TIDD
 Encontro dos Movimentos para EaD
Moderação:
ABE-EAD Associação Brasileira dos Alunos de EaD – Ricardo Holz – Presidente
ANEAD – Associação Nacional de EaD – Marta Kratz – Presidente
ANATED Associação Nacional dos Tutores de EaD – Luis Gomes – Presidente

Frente Parlamentar de Ensino Profissionalizante e Educação a Distância – Angelo Agnolin – Presidente (Deputado Federal PDT/TO)



 Dialogo com o MEC, CONAES, SERES, SEB e CAPES

Coordenação: João Vianney – ABED



 Reunião Editorial da RBAAD Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância

Carlos Eduardo Bielschowsky – Cederj



 Apresentação Resultados do CensoEaD.br 2011 – Relatório analítico da EaD no BrasilConsuelo Fernandez – ABED

Ivete Palange – ABED



 Apresentação resultados do Projeto de Competências para EaD referencias teóricos e instrumentos para validação

Arlette Guibert – ABED

Consuelo Fernandez – ABED

Ivete Palange – ABED



 Apresentações: cases de sucesso para educação aberta, flexível e a distância

Programas de ações móveis para educação profissionalizantes – Senai MA

Cozinha Brasil – Sesi MA

Senac MA

Governo do Estado do Maranhão



 Apresentações “Uso de Tablets, Simuladores e M-Learning na Educação”

Bruno Silveira Duarte – Senai DN

Biopsicoética da educação por competência em EaD: Uma abordagem epistemológica.- José Camelo Ponte – PUC SP

Desafios e conquistas de uma IES privada na implantação de cursos de Ead em nível superior, no interior norte do Estado do Ceará

João José Saraiva Da Fonseca – Inta

Insrições: CLIQUE AQUI

Fonte: Arquivado em Educação a Distância , Eventos

sábado, 16 de junho de 2012

Educação: Não falta dinheiro, falta compromisso.

A qualidade da educação pública no ensino fundamental e médio é de longe o maior desafio que o Brasil enfrenta. Somos um país em que cerca de 50% das crianças da 5a série em todos os Estados são semianalfabetas. Dos 3,5 milhões de alunos que ingressam no ensino médio, apenas 1,8 milhão se formam. Desses, só 10% atingem o nível esperado de aprendizado. O Brasil apresenta um dos cinco piores resultados entre os 56 países avaliados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Isso significa que, todo ano, jogamos milhões e milhões de adolescentes despreparados no mercado de trabalho, sem nenhuma perspectiva de ascensão social e econômica.

O apagão de mão de obra já é uma realidade hoje. Será muito pior no futuro.

Há mais de oito anos coordenamos uma ONG que promove a parceria entre escolas públicas e empresários – a Parceiros da Educação. Já desenvolvemos, ao longo desse período, mais de 100 parcerias com escolas, procurando sempre melhorar a qualidade de ensino delas. Além do impacto nas escolas parceiras, o contato direto com a realidade do ensino público nos trouxe uma visão bastante clara dos enormes desafios do sistema e, com isso, a oportunidade de entender e influenciar políticas públicas que poderão, aí sim, ter impacto na vida de milhares de escolas e milhões de crianças.

Não é difícil concluir que o modelo de ensino brasileiro tem falhas. As estatísticas mostram isso. Precisamos de uma verdadeira revolução na educação pública. Os Estados Unidos a fizeram em 1870, há 140 anos. Em uma década, eles dobraram o investimento na educação pública e universalizaram o ensino. Em 1900, eliminaram o analfabetismo. Em 1910, todas as crianças tinham acesso à escola de período semi-integral. Outro exemplo é a Coreia. Na década de 1970, a Coreia iniciou uma verdadeira transformação na qualidade da educação pública e fez dela prioridade. O resultado se mostrou pelo salto do Produto Interno Bruto (PIB), indicador da geração de riquezas. O PIB, antes inferior ao do Brasil, passou para patamar semelhante ao de países de Primeiro Mundo em menos de duas gerações. O exemplo mais recente é a China. Muito se propagandeia sobre os investimentos em infraestrutura, mas pouco se divulga sobre o enorme esforço educacional chinês, do primário ao curso de doutorado. É fantástico o que estão fazendo na China em termos de educação.

A fórmula para melhorar a educação não tem mistério. Em educação, há muita pesquisa sobre o que funciona e o que não funciona. Primeiro, é preciso que a sociedade entenda que há deficiências e cobre do poder público. Uma das razões pelas quais o país apresenta um dos piores índices do mundo na qualidade do ensino público é que há certa satisfação da população com a educação pública em geral, na medida em que existem escolas disponíveis para todas as crianças. A população, em sua maioria (notadamente a menos favorecida e titular do maior número de votos), não reconhece a péssima qualidade de nossa educação.

O primeiro passo, portanto, consiste em dar ampla divulgação à real situação da qualidade da educação básica no país, alertando a população para as mudanças de base necessárias à correção do problema.

O segundo passo é que cada Estado e prefeitura definam uma nova visão para sua Secretaria da Educação. Mas que seja uma visão arrojada, ambiciosa, que inspire seus stakeholders a sair do gerúndio e a efetivamente buscar um salto qualitativo na realidade de nossas escolas.

Firmada a visão, há que desenvolver e detalhar um plano de curto, médio e longo prazos para atingir a meta. Esse plano, para dar certo, precisa contar com o envolvimento e paternidade de seus futuros executores. Um plano que não se prenda à estrutura atual; que seja transformacional, porém embasado em pesquisas e experiências já testadas, no Brasil e no exterior. E que seja um plano de Estado, e não de um governo. Educação não se resolve em poucos anos – requer continuidade.

A dificuldade de enfrentar as resistências naturais e institucionais à mudança e a incapacidade de execução são, sem dúvida, os maiores obstáculos ao sucesso de um plano que transforme a educação.





Em 2010, na esteira das eleições para governador e presidente, várias entidades ligadas à educação convidaram, na Casa do Saber, 12 especialistas em educação pública para responder à seguinte questão: caso fosse eleito presidente da República ou governador do Estado, quais as cinco grandes iniciativas o senhor tomaria para efetivamente resolver o problema da qualidade do ensino público básico?





O objetivo do encontro não era buscar meras sugestões para integrar um programa de governo para o próximo mandato, mas propostas ambiciosas e transformadoras, sem as ditas “restrições político-partidárias, orçamentárias ou corporativistas”, para que a nação, em dez anos, eliminasse o enorme fosso existente entre a qualidade da educação básica no Brasil e aquela dos países mais desenvolvidos. As conclusões desse trabalho podem se resumidas em três grandes temas:

1) Desenvolver um novo modelo de escola – precisamos revisar a abordagem pedagógica, o conteúdo do currículo e a carga horária. Pesquisas recentes sugerem que a ampliação do número de horas dos alunos em sala de aula proporciona enorme impacto no aproveitamento escolar. Esse novo formato, de regime integral, deveria incluir carga horária de aproximadamente oito horas, infraestrutura como laboratório de informática, ciências, sala de leitura e currículo com maior foco em português e matemática, além da inclusão de matérias optativas no ensino médio.

2) Melhorar as ações pedagógicas – podemos gastar fortunas em infraestrutura sem obter qualquer mudança no aproveitamento dos alunos. O maior impacto vem do aperfeiçoamento da maneira de ensinar. São exemplos de ações a perseguir nessa frente:
• criação e unificação do currículo base nacional – partindo do que já existe, coordenar a elaboração de padrões curriculares básicos, explicitando com clareza as habilidades e competências esperadas por cada série/ano, que possam servir de referência obrigatória tanto para os currículos a ser construídos pelos Estados e municípios como para as avaliações nacionais;
• elaboração de material pedagógico produzido com as novas tecnologias educacionais usadas no ensino à distância e estruturado de acordo com as diretrizes curriculares dos diferentes anos/séries. Esses materiais podem ser usados presencialmente nas salas de aula, como é feito na Coreia;
• fortalecimento da cultura de avaliação e acompanhamento do desempenho dos alunos;
• campanha de alfabetização por meio de programas bem estruturados;
• instituir avaliações diagnósticas para todos os alunos em todas as séries, quatro vezes por ano, com o objetivo de personalizar as intervenções pedagógicas de cada sala de aula;
• criação de equipes de acompanhamento da gestão pedagógica.

3) Investir nos professores – a qualificação desses profisisonais é o fator que mais influencia no aprendizado dos alunos. Por isso, é preciso atualizar os cursos de pedagogia para que os professores, mais que dominar o conteúdo, estejam habilitados a conduzir atividades em sala de aula. Em paralelo, há que promover a contínua capacitação dos atuais professores, gestores e pessoal de apoio em geral, voltada para a realidade da sala de aula, do laboratório, da gestão da escola, da biblioteca, do ambiente escolar. Devem ser oferecidos aos professores materiais estruturados, com práticas de gestão em sala de aula e conteúdo nos moldes dos bons sistemas de ensino.

A carreira precisa ser meritocrática. Mas o magistério público atualmente é uma das carreiras menos atraentes: o salário inicial é baixo, faltam perspectivas, há problemas de infraestrutura nas escolas e a profissão está desvalorizada socialmente. Pesquisas sugerem que os melhores professores abandonam a carreira nos primeiros cinco anos de trabalho. Para mudar esse quadro, a seleção deveria ser mais rígida e as contratações feitas pela Consolidação das Leis Trabalhistas, não por concursos públicos, que garantem estabilidade. O salário inicial tem de ser mais atraente. Parte dele poderia ser baseada em avaliações do desempenho, medidas pelo aproveitamento dos alunos. As promoções seriam igualmente respaldadas por essas avaliações. Além disso, o professor se dedicaria em período integral a uma única escola. Com isso, ele teria mais tempo para preparar as aulas e dar apoio aos estudantes no contraturno.

Há também um impacto enorme da competência e comprometimento do diretor com o resultado da escola. Vemos isso todos os dias nas escolas da Parceiros da Educação (o fator determinante para a escolha de uma instituição parceira é o comprometimento do diretor). Logo, uma sociedade que efetivamente priorize a educação tem de desenvolver uma carreira para esses cargos que atraia e retenha os melhores talentos. Foi o caso de Coreia e Finlândia.

Por fim, é fundamental recuperar a imagem da profissão. Países como Cingapura e Inglaterra fizeram (e fazem continuamente) grandes esforços de marketing e relações públicas para projetar a profissão na sociedade. A Inglaterra conseguiu, em cinco anos, a partir de reformas estruturais e divulgação maciça, levar a profissão de professor da 90a entre as mais desejadas pelos estudantes para o quinto lugar.

Podemos e temos de sonhar em transformar nosso sistema de ensino num dos melhores do mundo. Dinheiro não falta. Faltam sim vontade política e competência. Precisamos colocar a educação como prioridade absoluta de Estado.

Fonte: Revista Época

Entrevista com Léa Fagundes sobre a inclusão digital

Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos

A sala de informática do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga, entre vários computadores de última geração, alguns equipamentos sucateados. Embora não sejam tão antigos, esses micros parecem pré-históricos perto dos demais. A comparação entre as máquinas ajuda a perceber a rapidez vertiginosa com que a tecnologia se renova.

Nesse ambiente hi-tech, instalado no Instituto de Psicologia da UFRGS, a professora Léa da Cruz Fagundes recebeu a reportagem de ESCOLA para esta entrevista sobre inclusão digital. Precursora do uso da informática em sala de aula no Brasil, a presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre, tem alcançado resultados animadores com as experiências que desenvolve em comunidades carentes do estado. Elas mostram que crianças pobres, alunas de escolas públicas em que não se depositam muitas expectativas, têm o mesmo desempenho que as mais favorecidas quando integradas no ciberespaço.

Segundo a especialista, o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de idéias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes.

Léa defende a disseminação de softwares livres, sem custo e de fácil acesso pela internet. Consultora de programas federais que visam ampliar a inclusão digital nas escolas brasileiras, a professora pede mais seriedade à classe política: “Os projetos são iniciados e interrompidos periodicamente, pois as sucessivas administrações não se preocupam em dar suporte e continuidade a eles”.

O que a senhora diria a um professor que nunca usou um computador e precisa incorporar essa ferramenta em sua rotina de trabalho?
Que não tenha medo de errar nem vergonha de dizer “não sei” quando estiver em frente a um micro. O computador não é um simples recurso pedagógico, mas um equipamento que pode se travestir em muitos outros e ajudar a construir mundos simbólicos. O professor só vai descobrir isso quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças.

Como deve ser uma capacitação que ajude o professor a se adaptar a essas novas exigências?
É fundamental que a capacitação ofereça ao professor experiências de aprendizagem com as mesmas características das que ele terá de proporcionar aos alunos, futuros cidadãos da sociedade conectada. Isso pede que os responsáveis pela formação se apropriem de recursos tecnológicos e reformulem espaços, tempos e organizações curriculares. Nunca devem ser organizados cursos de introdução à microinformática, com apostilas e tutoriais. Esse modelo reforça concepções que precisam ser mudadas, como a de um curso com dados formalizados para consultar e memorizar. Em uma experiência desse tipo, o professor se vê como o profissional que transmite aos estudantes o que sabe. Se ele não entende de computação, como vai ensinar? Aprender é libertar-se das rotinas e cultivar o poder de pensar!

Que competências os educadores devem adquirir para utilizar com sucesso os recursos da informática?
Os professores em formação necessitam desenvolver competências de formular questões, equacionar problemas, lidar com a incerteza, testar hipóteses, planejar, desenvolver e documentar seus projetos de pesquisa. A prática e a reflexão sobre a própria prática são fundamentais para que os educadores possam dispor de amplas e variadas perspectivas pedagógicas em relação aos diferentes usos da informática na escola.

Onde o professor pode buscar informações sobre inclusão digital?
Ele pode visitar sites e participar de grupos de discussão. Consultar revistas especializadas e cadernos especiais dos jornais também ajuda muito. Outro caminho é buscar conhecimentos mais específicos com estudantes de escolas técnicas ou de cursos de graduação em informática e ouvir os próprios alunos.

É comum encontrar estudantes que têm mais familiaridade com a informática do que o professor. Como tirar proveito disso?
Transformando o jovem em um parceiro do adulto. Quando isso acontece, a relação educativa deixa de ser hierárquica e autoritária e passa a ser de reciprocidade e ajuda mútua. O educador não deve temer que o estudante o desrespeite. Ao contrário, o adolescente vai se sentir prestigiado por partilhar sua experiência e reconhecer a honestidade do professor que solicita sua ajuda. Esse fato é determinante para a criação de um mundo conectado.

A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência?
Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso “para pensar com”, e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos.

Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de escolas particulares e bem equipadas?
Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos. Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis.

A educação brasileira pode vencer a exclusão digital?
Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo.

O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas?
A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infra-estrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica.

Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação?Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual.

Nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais?A escola formal tem privilegiado essa concepção: é preciso preparar a pessoa para que ela aprenda. Mas o ser humano está sempre se desenvolvendo. Assim, as instituições também estão constantemente em processo. Por isso, a escola não precisa se preparar. Ela começa a praticar a inclusão digital quando incorpora em sua prática a idéia de que se educa aprendendo, quando usa os recursos tecnológicos experimentando, praticando a comunicação cooperativa, conectando-se. Mas algumas coisas ainda são necessárias. Conseguir alguns computadores é só o começo. Depois é preciso conectá-los à internet e desencadear um movimento interno de buscas e outro, externo, de trocas. Cabe ao professor, no entanto, acreditar que se aprende fazendo e sair da passividade da espera por cursos e por iniciativas da hierarquia administrativa.

Existe um padrão ideal de escola que usa a tecnologia em favor da aprendizagem?Não é conveniente buscar padrões. Como sugeria Einstein, quando se trata de construir conhecimento é mais produtivo infringir as regras. O primeiro passo é reestruturar o espaço e o tempo escolares. Devemos dar condições para que os estudantes de idades e vivências diferentes se agrupem livremente, em lugares próximos ou distantes, mas com interesses e desejos semelhantes. Eles vão escolher o que desejam estudar. Essa liberdade definirá suas responsabilidades pelas próprias escolhas. Os professores orientarão o planejamento de forma interdisciplinar. Isso tudo é possível com o registro em ambiente magnético, que é de fácil consulta. Toda a produção pode ser publicada na internet, intercambiada e avaliada simultaneamente por professores de diferentes áreas.

Qual é sua avaliação sobre a proliferação de centros de educação a distância?
Nestes tempos de transição vamos conviver com projetos honestos e desonestos, alguns bem orientados e outros totalmente equivocados. O pior dos males é a voracidade do mercado explorador da educação a distância. Espero que a própria mídia tecnológica dissemine informações para o público interessado ter condições de analisar esses centros. É importante discriminar os cursos consistentes dos que “vendem ensino”, ou seja, que reproduzem o ensino da transmissão, fora de contexto, em que o aluno memoriza sem compreender.

Léa da Cruz Fagundes

Gaúcha, com 58 anos de magistério, a coordenadora do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul dedica-se há mais de 20 anos à informática educacional. Psicóloga com mestrado e doutorado com ênfase em informática e conferencista internacional requisitada, Léa Fagundes preside atualmente a Fundação Pensamento Digital, organização não governamental que dissemina a computação entre populações carentes.

Revista  ESCOLA

Ranking: USP melhor universidade da América Latina



A USP (Universidade de São Paulo) lidera a lista das melhores universidades latino-americanas, segundo novo ranking publicado nesta quarta-feira (13) pela instituição britânica QS (Quacquarelli Symonds). A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que subiu da 19ª posição em 2011 para a 8ª neste ano, completam a lista das brasileiras no top 10.

O Brasil é o país com o maior número de universidades ranqueadas na lista: são 65 instituições entre as 250 melhores.

Segundo a QS, foram entrevistados, em todo o continente, mais de 14 mil acadêmicos, assim como 11 mil empregadores. Os rankings levam em conta pesquisa, ensino, empregabilidade de internacionalização.

De acordo com o instituto, a forte presença brasileira é causada por um “esforço nacional” para aumentar o acesso ao ensino superior –o que seria demonstrado pelo fato de as matrículas terem sido triplicadas na última década – e incentivo a pesquisas acadêmicas.


Com informações do UOL

Unesp disponibiliza cursos livres na internet – Gratuitamente

a Unesp (Universidade Estadual Paulista) passa a oferecer online e gratuitamente os conteúdos e materiais didáticos dos seus cursos de graduação, pós-graduação e extensão elaborados emparceria com o seu Núcleo de Educação a Distância (NeaD/UNESP), nas modalidades a distância e presenciais.

O projeto, intitulado Unesp Aberta, disponibiliza cursos livres pela internet como uma nova oportunidade de aperfeiçoamento e formação dos docentes nas áreas de Humanas, Exatas e Biológicas. Estes cursos integram o Redefor, convênio da Secretaria de Educação do Estado deSão Paulo com a Unesp, USP e Unicamp que oferta cursos de pós-graduação para professores da rede pública do Estado, além dos cursos da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) e da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e de outros cursos presenciais da universidade que utilizam as tecnologias digitais.

Entre os materiais disponíveis estão mais de 17 mil itens educacionais, como mapas, imagens, softwares educacionais e animações, além de 300 videoaulas, 300 textos, 138 livros digitais do selo Cultura Acadêmica (iniciativa da Editora Unesp e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da universidade) e o acervo da biblioteca digital – que reúne material pertencente ao sistema de bibliotecas da Unesp e aos centros de documentação da Universidade.

Para ter acesso aos materiais, será necessário a criação deum login e uma senha no site do Unesp aberta (www.unesp.br/unespaberta). Também foram previstas as inclusões de versões em inglês e espanhol, bem como, a incorporação de recursos de acessibilidade como Libras e audiodescrição. O acesso ao material não dá direito a qualquer tipo de certificação de conclusão ou apoio educacional.

A intenção é disponibilizar todos os esforços em Educação a Distância da Unesp, ao encontro da crescente valorização desta modalidade no mundo, cenário reforçado por meio doanúncio feito pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) e pela Harvard University no mês passado, no qual tornaram pública a parceria inédita que viabilizou a disponibilização de cursos a distância pela internet com versões on-line das aulas ministradas presencialmente nestas universidades.

Fonte:Arquivado em Cursos Online , Educação a Distância , Notícias

Método permite cursar mestrado MBA ou pós em outro país

As aulas a distância também vêm possibilitando que estudantes brasileiros realizem cursos em universidades no exterior, sem deslocamento para outro país. “A metodologia vem facilitando o acesso a cursos bastante conceituados em universidades renomadas que, até então, não eram tão acessíveis por causa da distância e do tempo que demandavam. Afinal, manter moradia em outro país é caro. E nem todos podem se ausentar do Brasil por muito tempo”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredic Litto.

Ele alerta, no entanto, que antes de ingressar em um curso no exterior é preciso verificar se ele é reconhecido no Brasil. “Os diplomas precisam ser revalidados para ter valor também aqui no Brasil. Por isso, é bom consultar professores de cursos de pós-graduação de alguma instituição pública para conferir se aquela universidade é reconhecida por aqui”, explica Litto.

Apesar de ainda não ter conferido se o diploma de mestre que conquistou na Universidade de Bocconi, na Itália, é reconhecido, o sócio da Enora Leaders, João Marcelo Furlan, de 30 anos, está feliz por ter concluído o curso de marketing em vendas em março deste ano. “Sempre tive vontade de fazer, mas, por ser empresário, não podia me ausentar muito do País.”

Durante os 14 meses de duração do curso, Furlan tinha uma semana de aula presencial, na Itália, a cada dois meses. “Ao todo, eu fui sete vezes para a Itália para cumprir as aulas. Por aqui eu fazia algumas atividades em vídeo, em slides e participava de fóruns de discussão com alunos de vários países. Era muito legal.”

Outro que usou a tecnologia a seu favor para realizar um curso sem sair do Brasil foi o biólogo da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), Admilson Clayton Barbosa, de 33 anos.

Barbosa fez um curso sobre gestão da sustentabilidade na Universidade de Luneburg, atual UniLeupha, da Alemanha, totalmente virtual.

“A cada três meses o professor vinha ao Brasil para realizar palestras e fazer avaliação. A cada dez dias eu recebia, via Correios, mais material para estudar. As demais atividades eram feitas via internet. Também fiz muita apresentação pelo Skype.”

Para Barbosa, o profissional só tem a ganhar com um curso feito a distância. Mas ele acredita que o brasileiro ainda não tem essa cultura. “Começamos o curso com 14 alunos e somente seis concluíram. O brasileiro não gosta muito de estudar sozinho.”

Com informação do ESTADAO

Ainda é possível fazer bons negócios no setor de EAD

Com 2,1 mil faculdades, universidades e centros universitários, o ensino superior privado movimenta R$ 30 bilhões no Brasil. Excluindo-se as fundações, as filantrópicas e aquelas instituições com menos de 1 mil alunos, restam cerca de 650 universidades que podem ser alvo de fundos de investimento e de redes consolidadoras.

Essas instituições têm um perfil parecido: a maioria enfrenta o dilema da sucessão – já que cerca de 80% dos fundadores têm mais de 70 anos de idade e continua à frente dos negócios. E também compartilham dos mesmos problemas. Em geral, têm uma gestão pouco profissionalizada, contingências tributárias e trabalhistas além de endividamentos incompatíveis com a operação. “É preciso garimpar mais, mas ainda há muita oportunidade de se fazer negócios no setor”, diz Ryon Braga, presidente da consultoria Hoper, especializada em educação.

Um estudo recente coordenado por Braga estima que dentro de quatro anos as maiores empresas de educação do País, que hoje detém 34% de participação de mercado, chegarão a 50% , com metade do número de empresas consolidadoras que existe hoje (são 14 no total).

No entanto, as redes que mais se destacam na aquisição de faculdades e universidades são a Kroton e a Anhanguera. Entre fevereiro do ano passado e maio deste ano, ocorreram 33 operações de fusão e aquisição no setor, que movimentaram R$ 3 bilhões – 85% desse volume foram de operações comandadas por essas duas empresas.

Embora a Anhanguera tenha começado o ano passado com o título de mais agressiva do setor, é a Kroton, controlada pelo fundo Advent, que tem chamado atenção em 2012. Ao comprar a Unopar, em dezembro do ano passado, e a Uniasselvi no mês passado, ela superou pela primeira vez a Anhanguera em número de alunos no ensino superior.

Ao vender o controle da Universidade Anhembi Morumbi para os americanos da Laureate, em 2005, o professor Gabriel Mário Rodrigues fez uma exigência: teria de continuar como reitor da instituição por tempo indeterminado, até decidir que havia chegado a hora de se aposentar. Na época, ninguém botou fé que aquele senhor de 73 anos, milionário, ficaria muito mais tempo no cargo. Pois ele furou qualquer previsão.

Com 80 anos recém-completados, continua coordenando a área acadêmica da universidade que criou em 1971 – e dando palpites na administração dos sócios. “Você não sabe como é difícil ter patrão”, responde a quem quer saber como foram os últimos sete anos. Só agora, Rodrigues se prepara para deixar o gabinete da reitoria. Em março de 2013, ele terá de vender, conforme prevê o contrato, seus 49% para a Laureate – grupo formado por 60 instituições, com presença em 29 países e que oferece cursos para 700 mil estudantes no mundo – e embolsar mais cerca de R$ 400 milhões.

Sob o comando dos americanos, a receita da Anhembi Morumbi dobrou – para R$ 320 milhões em 2011, segundo apurou o Estado. É um crescimento relevante para uma rede que desde a origem quis associar sua marca à elite paulistana e procurou atrair um público bem específico, que transita pelas classes A e B e está disposto a pagar mensalidades na faixa de R$ 1,2 mil.

Embora a história da Anhembi Morumbi tenha sido milimetricamente planejada por Rodrigues, ele foi parar nesse ramo por acaso. É tratado como “professor” nos corredores, mas teve uma breve experiência em sala de aula. Ele ainda era adolescente quando foi convidado pelo diretor do colégio onde estudava para substituir um professor do curso primário aos sábados.

Como gostava mesmo era de desenhar, formou-se em Arquitetura e foi trabalhar no Departamento de Obras Públicas do Estado de São Paulo. Lá, entre um serviço burocrático e outro, criou um setor de capacitação para preparar os colegas servidores que sonhavam em ter uma graduação mas não conseguiam passar no vestibular.

Do cursinho na repartição até inaugurar sua faculdade foi um pulo. “A criação do curso de turismo foi uma iniciativa inovadora e acabou dando o tom de toda a estratégia da empresa”, diz Carlos Monteiro, presidente da CM Consultoria, especializada em educação. Depois de turismo, vieram os cursos de moda, gastronomia, quiropraxia e até de design em animação.

Mas nem tudo foram flores na trajetória empresarial de Rodrigues. Ele nunca conseguiu, por exemplo, empreender no ensino à distância, embora fosse sócio da primeira empresa do País a conseguir autorização do MEC para atuar nessa modalidade, a Universidade Virtual Brasileira. Pior que isso: o professor e a Anhembi Morumbi enfrentam até um hoje um processo, com outras nove instituições, por suspeita de terem pirateado o programa de educação à distância desenvolvido para o grupo. A multa pode chegar a R$ 174 milhões.

Influência. Desde que decidiu se tornar um empresário de ensino superior, Rodrigues dedicou boa parte de seu tempo às entidades de classe do setor. Foi presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior de São Paulo por 12 anos e hoje preside a Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Vai a Brasília a cada 15 dias e tem trânsito fácil no Ministério de Educação.

Donos de universidades concorrentes creditam a Rodrigues, por exemplo, a vitória do setor ao barrar a reforma universitária proposta pelo ex-ministro Tarso Genro em 2004. “Mesmo quando discorda de uma situação ele faz todo mundo acreditar que está de acordo”, descreve o dono de uma universidade particular de São Paulo. “Depois, de mansinho, vêm com uma série de soluções totalmente diferentes das que estavam sendo propostas por seus interlocutores. Parece pouco democrático, mas funciona.”

Esse jeitão bem relacionado do professor Gabriel seduziu, em 2005, os americanos da Laureate. Eles já estavam há dois anos em busca de um parceiro, quando decidiram se tornar sócios da Anhembi Morumbi e colocar os pés no mercado brasileiro. Na época, Rodrigues já tinha se dado conta de que suas três filhas jamais se entenderiam à frente dos negócios. “Sem sucessores, eu não tinha opção.”

A reestruturação da empresa para a venda começou dois anos antes e ficou sob a responsabilidade dos “meninos do Pátria”, como Rodrigues se refere aos executivos de uma das maiores gestoras de fundos de private equity do País. Eles eram conhecidos da filha mais velha, Angela Freitas, que já cuidava do departamento financeiro da Anhembi Morumbi. O Pátria escalou para o serviço o novato Ricardo Scavazza, na época com apenas 24 anos.

Dois anos mais tarde, em 2006, Scavazza comandou a abertura de capital da rede Anhanguera, antiga conhecida do dono da Anhembi Morumbi. Foi Rodrigues que tornou possível o projeto de dois professores de matemática do interior paulista, Antônio Carbonari e José Luís Poli, que queriam “massificar” o ensino superior, com cursos baratos. Quando a Anhanguera tinha menos de 10 mil alunos, o professor Gabriel comprou metade das ações da rede.

Com a abertura de capital, o controle da Anhanguera passou para as mãos de um fundo do Pátria, que tem 17% das ações. A holding da família Rodrigues detém 70% desse fundo. “A Anhembi é como uma filha, mas a Anhanguera é o meu maior negócio”, diz. Embora venha sofrendo na bolsa desde o ano passado, quando fez sua última e mais complicada aquisição (da Uniban), a companhia continua sendo a mais valiosa do setor, com valor de mercado de R$ 3,5 bilhões.

Nem Rodrigues nem suas filhas exercem função executiva na companhia que é hoje o maior investimento da família. Dona de uma empresa que negocia empreendimentos imobiliários, Angela, a filha mais velha, compra e vende câmpus para a Anhanguera. “São investimentos da família que nada interferem na nossa sociedade”, diz o vice-presidente de Operações da Laureate Brasil, José Roberto Loureiro.

Reza. Sobre sua participação na empresa fundada por Carbonari (e presidida por Scavazza), o reitor da Anhembi Morumbi costuma brincar dizendo que faz parte “da turma da reza”, numa referência às festas juninas de antigamente. “Nas festas de São João, o padre dividia as tarefas entre os casais. Quem ficava sem função tinha a incumbência de rezar para que tudo corresse bem. É o que eu faço na Anhanguera.”

Quem acompanha a trajetória do professor Gabriel, que optou ter uma instituição menor, com mensalidades mais caras e um maior controle de qualidade, diz que ele vive em conflito ao ser também um dos maiores acionistas da Anhanguera. Ele garante que não, mas, genericamente, faz críticas ao modelo de administração adotado em universidades controladas por instituições financeiras. “É preciso esperar oito anos para ver o lucro em educação, mas os banqueiros não têm essa paciência.”

Entre os cinco maiores grupos educacionais do País, só a Unip não tem um grupo financeiro por trás de sua administração. A Anhanguera é comandada pelo Pátria; a Estácio, pela GP Investimentos; a Kroton, pela Advent e a Laureate tem participação do fundo americano KKR.

Por conta do apetite desses fundos pelo segmento de educação, o processo de consolidação iniciado pela Anhembi Morumbi ainda promete grandes negócios. O mais esperado é uma fusão entre Anhanguera e Estácio de Sá (grupos que se complementam geograficamente). Isso pode dar certo? O professor é categórico: “Não duvido que aconteça, mas se eles vão entregar um bom produto é outra história.”

Com informações do ESTADÃO

terça-feira, 5 de junho de 2012

Educação a distância: uma nova realidade

A cada dia, mais brasileiros se matriculam em cursos de educação a distância (EAD), especialmente no âmbito do ensino superior, o que é uma excelente notícia. De acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2010, a EAD, que praticamente inexistia dez anos atrás, já responde pelo percentual de 14,6% do total das matrículas na graduação. Em 2001, apenas 5.359 estudantes estavam matriculados na modalidade de cursos a distância. Uma década depois, esse número aumentou 170 vezes, chegando a 930.179 estudantes.

Ao contrário do que ocorria em um passado recente, hoje a educação a distância no Brasil não pode mais ser considerada sinônimo de ensino de baixa qualidade. A situação de fato mudou, e muito: os graduados em EAD tiveram, em média, 6,7 pontos a mais no resultado final do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), na comparação com os resultados dos alunos oriundos dos cursos presenciais, conforme revela o “Censo EAD.BR – Relatório Analítico da Aprendizagem a Distância no Brasil 2012”, realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED).
A verdade é que o advento da internet criou um cenário totalmente novo para a educação a distância. Não se trata mais de realizar os estudos por meio de materiais impressos tradicionalmente enviados aos alunos pelo correio. Com a rede mundial de computadores e demais avanços tecnológicos nas telecomunicações, esse tipo de educação a distância tradicional está em franco declínio.

Hoje, as possibilidades são mais amplas e pode-se fazer um curso a distância praticamente nos mesmos moldes dos presenciais, com os estudantes assistindo, pela internet, às aulas de professores, com exibição de conteúdos audiovisuais. As avaliações podem ser feitas em tempo real, também pela rede, com tempo certo para a sua realização. Tanto a metodologia de ensino como a forma de avaliar a aprendizagem dos alunos e a atuação do corpo docente na educação a distância passaram por uma revolução, e isto está sendo percebido pelos estudantes, que cada vez mais acreditam e demandam essa modalidade de educação.

No exterior, aliás, há uma tendência de fim da fronteira entre educação a distância e presencial: cursos que antes eram exclusivamente presenciais já incluem uma parte realizada remotamente. E os programas de educação a distância muitas vezes abrangem atividades presenciais. No Canadá, país pioneiro da massificação da EAD, seus 32 milhões de cidadãos têm à disposição 56 universidades, das quais 53 oferecem cursos a distância.

No Brasil, o próprio governo federal também percebeu que a educação a distância é realidade e reconhece que o percentual de matrículas ainda é baixo em relação a outros países, onde a modalidade responde por até metade dos estudantes. O ministério da Educação, por outro lado, avisou que está atento à questão e irá controlar, por meio de regulamentação, o crescimento do ensino a distância para evitar que uma “explosão” desta modalidade redunde no aparecimento de cursos de baixa qualidade e sem referências técnica e acadêmica – iniciativa salutar e importante em defesa da formação qualificada do estudante.
ponto é que, para países continentais como o Canadá e o Brasil, o ensino a distância é uma solução muito interessante. No caso brasileiro, a EAD tem inclusive o potencial de ajudar o País a se consolidar como potência econômica global. Sim, porque depois de todos os avanços dos últimos anos – estabilidade econômica e política, melhoria nas condições de empregabilidade e na renda dos trabalhadores, maior acesso ao crédito e bens de consumo –, que permitiram ao país atravessar duas crises mundiais, há grandes oportunidades para o aperfeiçoamento do conjunto de habilidades de nossas futuras gerações no setor de Educação.

É senso comum que não se constrói uma nação sem educação de qualidade. E o Brasil está no caminho certo ao universalizar a educação fundamental, tarefa em andamento acelerado. Agora é hora de formar profissionais qualificados, com educação superior, para que possam crescer junto com o País. Um dos grandes desafios da educação brasileira, neste momento, está na expansão do ensino superior. É neste sentido que a EAD pode dar uma importante contribuição, ampliando o potencial de acesso dos brasileiros à universidade, especialmente em estados e municípios com maior dificuldade de mobilidade para os estudantes. Estamos em um momento mais do que apropriado para revisitar nossos marcos regulatório, acadêmico e administrativo com o objetivo de apoiar essa tendência favorável no ensino superior.
Zelar pela qualidade do ensino e expandir a oferta de cursos a distância são tarefas essenciais para que o Brasil continue caminhando a passos largos para se tornar um país mais próspero e mais preparado para enfrentar os desafios do seu desenvolvimento.


Fonte: estadao

MEC retoma negociações para instalação do MIT no Brasil



O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse nesta quinta-feira (31) que as negociações para a instalação de um centro de pesquisas do MIT (Massachusetts Institute of Technology) serão retomadas no segundo semestre deste ano.

Segundo Mercadante, o reitor do MIT, Rafael Reif, encaminhou um e-mail hoje a ele solicitando uma reunião em julho para dar continuidade às conversas iniciadas com a vista da presidente Dilma Rousseff à instituição no mês de abril.

Na época, Mercadante havia anunciado a abertura do escritório do MIT no Brasil, sem dar outros detalhes. “Nós vamos ter uma escola do MIT no Brasil. Estamos iniciando todas as tratativas para poder concluir esse processo”, disse, então. No entanto, a assessoria de imprensa do instituto desmentiu o ministro, na época, dizendo que o ”MIT não abre campus no exterior”.

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Senado aprova criação de mais de 70 mil cargos para o MEC


O Senado aprovou ontem (30) projeto de lei que autoriza o MEC (Ministério da Educação) a criar mais de 70 mil cargos e funções a serem preenchidos até 2014. Como foi aprovado na Câmara e não sofreu modificações no Senado, a proposta segue agora para sanção presidencial.

Segundo o governo, as vagas serão usadas no Reuni (Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) e no Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego).

Na justificativa da proposta encaminhada ao Congresso pela Presidência da República, o governo sustenta que a abertura dos cargos visa a promover a melhoria da educação nas universidades e nas escolas técnicas de ensino básico e médio.

De acordo com o projeto de lei, serão criados 43.875 cargos de professor, dos quais 19.569 da carreira de magistério superior e 24.306 do magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. Ainda serão criados 27.714 cargos de técnico administrativo, além de 1.608 de direção e 3.981 de funções gratificadas.

Fonte: Uol/Educação

Professor não pode concorrer com a internet

Para especialistas, o apresentador de informações vai desaparecer, mas o educador que vai além delas é cada vez mais necessário

Imagine, em um mundo sem internet, o dia em que professores são avisados que dali para frente uma ferramenta de pesquisa permitirá aos seus alunos ler, assistir, ouvir e discutir sobre qualquer assunto. Qual seria a reação dos educadores? Para especialistas, há muito motivo para comemorar: a chance de obter êxito no aprendizado aumenta. Na vida real, a recepção não foi bem assim. Isto é a falta de adaptação do professor às novas tecnologias e ao aluno influenciado por elas.

Incluída ou não na aula, presente ou não na escola, a internet faz parte da rotina dos alunos. Em 2008, quando apenas 23% dos lares estavam conectados segundo o Ibope, o instituto já apontava que 60% dos estudantes tinham acesso à rede de algum modo. Em pesquisa realizada nas escolas estaduais do Rio de Janeiro em 2011, 92% disseram estar online ao menos uma vez ao dia.

“O professor pode escolher como tratar a internet, mas não pode ignorá-la”, diz o pesquisador emérito de Ciências da Educação da Universidade de Paris 8 e visitante na Universidade Federal do Sergipe, Bernard Charlot. Ele vê duas possibilidades para o educador: fazer o que a máquina não sabe ou ser substituído.

“Ninguém pode concorrer com o Google em termos de informação. O professor que ia à frente da sala apresentar um catálogo vai desaparecer em 20 anos e ser substituído por um monitor”, afirma sem titubear, emendando um alento: “Por outro lado, o professor que ensina a pesquisar, organizar, validar, resolver problemas, questionar e entender o sentido do mundo é cada vez mais necessário.”

O pesquisador defende que o aparente problema de falta de entrosamento com a tecnologia na verdade é a lente de aumento que a internet colocou sobre a falta de formação para a docência. “Não é que o professor não sabe ensinar a pesquisar na internet, é que ele não sabe ensinar a pesquisar. Muitas vezes é mais simples ainda: o professor não sabe como ensinar.”

Para ele, a culpa não é do profissional, mas do sistema engessado que além de não formá-lo não o deixa fazer diferente. “Não faz sentido começar um trabalho na internet e, depois de 50 minutos, dizer: a gente continua semana que vem. Assim como cada professor cuidar de uma disciplina, como se os assuntos não fossem relacionados, ou tratar de temas sem mostrar na prática para que servem na sociedade tornam a escola sem sentido.”

A doutora em linguística e especialista no impacto da tecnologia na aprendizagem Betina von Staa também culpa principalmente o sistema de ensino pela falta de aceitação da tecnologia. “Muitos professores não aceitam trabalhos digitados apenas para evitar cópias. A preocupação é maior com o controle de notas do que com as possibilidades de aprendizado”, lamenta.

Na opinião dela, o aluno precisa de orientação para procurar informações confiáveis e questionar dados encontrados na internet. “Todas as pesquisas apontam que a tecnologia traz benefícios, porém desde que venha com formação dos professores para dar apoio.”

O Colégio Ari de Sá, em Fortaleza, é um exemplo de exceção na introdução da tecnologia na sala de aula. Além de equipamentos – lousas digitais, computadores e até tablets para os alunos que preferirem o equipamento aos livros – a escola tem formação para os professores diariamente e no contexto das aulas. O coordenador de informática educativa, Alex Jacó França, passa em cada sala tirando dúvidas dos professores e dá dicas de como incluir ferramentas online em cada tópico.

“Muitos temas que passariam sem grande interesse aos alunos acabam ganhando vídeos e experimentos que os marcam. Quanto mais o professor conhece, maior a liberdade que dá ao aluno no formato de suas pesquisas e melhor o aprendizado”, garante o especialista. Para ele, mesmo nos casos em que as escolas não têm equipamento, o conhecimento do professor para incentivar o uso de tecnologias e a abertura para deixar os alunos irem além dos livros faz a diferença.

Durante fórum sobre tecnologia e educação promovido pela Blackboard no último dia 12, em São Paulo, educadores estrangeiros sustentaram opinião parecida. A diretora de avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon Rangel, afirma que a democratização do acesso à rede dá oportunidade para que mesmo escolas rurais e afastadas tenham desempenho equivalente às que estão mais próximas de recursos culturais e financeiros. “Tivemos êxito com isso na Colômbia, mas além das máquinas é preciso uma equipe com objetivos claros.”

Já a pedagoga Patrícia Patrício, mestre em Formação de Professores pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro “São Deuses os Professores?”, defende que os educadores de sucesso conseguem êxito com ou sem ajuda da escola. “Em geral profissionais que se destacam fazem isso, apesar da escola”, conta.

É o caso de professores premiados em todas as edições das Olímpiadas Brasileiras de Matemática, como Antonio Cardoso do Amaral, de Cocal dos Alves, no Piauí, e Maria Botelho, de Uberlândia, em Minas Gerais. Ambos não têm formação ou estrutura tecnológica acima da média da rede pública nas escolas, mas incentivam os alunos a usá-la em casa e valorizam dúvidas e exercícios trazidos dentro ou fora do contexto da aula. “Às vezes chego em casa e um aluno me deixou uma dúvida no Facebook, eu adoro, significa que eles estão indo além da aula”, diz Botelho.

Fonte: IG

Pedagogia é o curso de graduação a distância mais procurado do Brasil

O curso de pedagogia é o que tem mais estudantes em graduações a distância no Brasil. Ao todo, são mais de 273 mil matrículas, segundo o Censo da Educação Superior de 2010, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Ao todo, há cerca de 930 mil matrículas em EAD (Educação a Distância), o que significa que, a cada cem alunos de graduações a distância, 30 são de pedagogia. Administração é o segundo curso em número de graduandos nessa modalidade de ensino, com mais de 128 mil matrículas.

A rede privada é responsável pela oferta de 80,5% das matrículas em cursos superiores a distância e, em alguns casos, como marketing ou tecnologia da informação, detém 100% dos estudantes.

Confira a lista dos 30 cursos superiores em EAD com mais matrículas no país:


Fonte:Uol

Educação não é gasto, é investimento. Mas custa cara – Entrevista


Secretário de Educação Básica do Mec
César Callegari
Valorização profissional – principalmente dos educadores alfabetizadores – e melhor repasse do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação no Brasil. Estas são as primeiras medidas para o país desenvolver uma educação básica de qualidade, na opinião do secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), César Callegari. Nesta entrevista, o sociólogo que coleciona cargos e funções em âmbito federal, fala de programas, problemas e perspectivas da educação brasileira. Ele não nega que falta dinheiro, vontade política e perseverança para o ensino público. Afirma que “Educação não é gasto, é investimento. Mas custa caro.” E defende um Plano Regional de Desenvolvimento da Educação para Sorocaba.
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou este mês o programa “Alfabetização na Idade Certa”, durante a abertura do 5º Fórum Nacional Extraordinário da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação), em São Bernardo. Qual o motivo de assumir este desafio?
Callegari -Nós estamos construindo um pacto nacional pela alfabetização das crianças até os 8 anos de idade com os estados e municípios. A alfabetização e os anos iniciais da vida escolar de uma criança representam, de fato, uma espécie de pedra angular. As ações que pretendemos desenvolver, articuladas com estados e municípios, serão para garantir que toda criança seja alfabetizada e, portanto, esteja livre de qualquer tipo de déficit, que só tende a crescer depois. Se ela não sabe ler e escrever, esse déficit irá acompanhá-la para o resto da vida dela. No Brasil, essa situação é ainda muito grave. Atualmente, a média nacional de não alfabetizados até 8 anos é de 15,2%. O estado com maior índice é Alagoas, com 35%, e o de menor é o Paraná, com 4,9% – o índice de São Paulo é de 7,6%.
Que motivos, fatores ou situações o sr. avalia que têm contribuído para que as crianças não aprendam a ler e escrever adequadamente até os oito anos de idade?
Callegari -Uma parte grande dos professores alfabetizadores são os professores mais novos, que acabam de sair dos cursos de Ensino Médio e Superior. Eles trazem, frequentemente, muitos déficits de formação. Às vezes, não tanto com teoria, mas para enfrentar os desafios das salas de aula. Por isso, o programa “Alfabetização na Idade Certa” é, sobretudo, um programa de formação continuada desses professores. A ideia é realizar cursos presenciais, com apoio total do MEC, tanto na articulação da rede de universidades federais e estaduais como também o apoio material. Além disso, o MEC irá investir em bolsas aos profissionais durante todo o processo de participação dos cursos.
Em São Paulo, há a progressão continuada. Isso contribui para essa “falha” na alfabetização?
Callegari -No nosso modo de entender, os três primeiros anos do ensino fundamental devem ser considerados como um bloco pedagógico. E, nesse caso, deve ser muito mais acentuado o esforço de garantir que as crianças evoluam, sem serem ameaçadas por um processo de reprovação. Nós recomendamos enfaticamente que elas sejam acompanhadas e não sejam retidas no primeiro ou segundo ano. Elas têm que ser ajudadas para que aprendam e se desenvolvam. Mas isso é para esse bloco de alfabetização. Nos demais anos, é mais complicado. Na minha opinião, a maneira como isso foi colocado em São Paulo, foi um equívoco sem precedentes. Uma ideia correta foi erroneamente implementada e funcionou de maneira distorcida. Aquilo que deveria ser progressão continuada de crianças e jovens acabou se transformando em aprovação automática que, generalizadamente, desresponsabiliza o estudante em relação ao seu trabalho como estudante e a própria escola. E os resultado estão aí.
Dados divulgados na semana retrasada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontam que Sorocaba teve índice de reprovação, no ensino médio, de 12,9% – era de 9,3% em 2010. O sr. acredita que esse resultado de reprovação “tardia” é um resquício desta má-formação inicial, especialmente em relação a falhas na alfabetização?
Callegari -Acredito. É no final do Ensino Médio que a “hora da verdade” começa a aparecer. Ela é estabelecida pelos vestibulares, pela vida dos jovens, pela sua inserção no mercado de trabalho. Então, se antes essa história pode ser levada meio que de qualquer jeito, no final do Ensino Médio ela começa a ficar cada vez mais realista. Eu vejo que ainda o Ensino Médio é um nó de grandes proporções que o Brasil tem que desatar. Fazer bem o trabalho de alfabetização e depois dar prosseguimento nesse processo nos anos seguintes é uma maneira de fazer com que essa onda positiva chegue logo também no Ensino Médio, mas nós não temos esse tempo para esperar. Isso tem que ser enfrentado já.
Até que ponto o sr. acredita que o cumprimento da Lei Nacional do Piso do Magistério (Lei 11.738) ajudará a melhorar essa realidade que temos hoje de falhas na alfabetização?
Callegari -A Lei do Piso, por impactar o processo no início da carreira, deve surtir um efeito positivo. Em estados como São Paulo nós temos que pensar bem além do piso para, de fato, valorizar os professores – não apenas no início da sua carreira, mas ao longo de toda ela. O fato concreto é que a educação de qualidade depende das condições de como se exerce o magistério. Nós temos que ter a capacidade de atrair para o magistério os melhores entre os melhores. E, no caso dos professores que trabalham na atividade de alfabetização, as redes públicas estão desafiadas a atraírem para esse momento da educação de crianças os melhores profissionais. Atraírem e reterem ali, dando as condições necessárias. Hoje o processo é totalmente inverso. O caso é que prefeitos e governadores têm dito que não tem condições para pagar o piso, e nós temos que ter um entendimento nacional de que é necessário investir mais na Educação. Uma das propostas do MEC é que parcelas dos recursos do Pré-Sal sejam obrigatoriamente destinadas a um fundo que vai abastecer a suplementação de recursos para que seja possível não apenas garantir salário e carreira, mas que também possam proporcionar outras condições materiais e tecnológicas para que a Educação se faça com qualidade.
Em relação às discussões do projeto do Plano Nacional de Educação (PNE), um dos pontos mais polêmicos é em relação aos investimentos na área. As entidades de classe defendem 10% do PIB como meta. O que o Sr. acha dessa proposta? O Sr. acha que para melhorar a educação básica no Brasil realmente falta dinheiro ou mais vontade política dos agentes públicos?
Callegari -É claro que falta dinheiro para educação. Nós estamos de acordo que 10% é o necessário, mas essa taxa deve se fixar em torno de 7%, de acordo com mensagem do Congresso Nacional. O Governo Brasileiro tem que agir com responsabilidade porque, além de dizer de onde sai o dinheiro, tem que definir quais serão as áreas que terão os investimentos reduzidos para isso acontecer. Eu acho que a luta pelos 10% do PIB é muito importante, mas não é tudo. Nós temos que garantir que os recursos da educação sejam muito bem empregados também. Isso é muito importante da mesma forma.
Se o sr. tivesse que apontar apenas três fatores, aos quais o sr. atribuiria os resultados ainda não satisfatórios que o Brasil enfrenta na área da educação?
Callegari -Entre os principais fatores que tem dificultado historicamente a Educação do Brasil a avançar está o baixo investimento relativo para a área educacional – nós precisamos aumentar. O segundo fator é a precária valorização dos educadores – professores e outros profissionais que atuam na área da educação. A desvalorização relativa desses profissionais tem contribuído para um decréscimo da qualidade de educação. E considero o terceiro fator a fragmentação e descontinuidade das políticas públicas e programas educacionais no Brasil. Precisa de mais dinheiro em Educação, não há duvida. Mas, assim que houver mais investimentos na valorização dos professores desde a sua formação inicial, sua remuneração e sua carreira – já será um grande avanço para sistema educacional Brasileiro.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul