quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ensino a distância cresce rápido com qualidade questionada

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Segundo MEC, controle da abertura de cursos impede número maior de matrículas. Para especialistas, faltam investimentos no setor.

Os brasileiros que estudam pela internet para conquistar um diploma de ensino superior se multiplicaram nos últimos dez anos. Em 2001, apenas 5.359 estudantes estavam matriculados na modalidade de cursos a distância. Uma década depois, as matrículas nesse tipo de graduação aumentaram 170 vezes, chegando a 930.179 segundo o Censo da Educação Superior 2010, divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Educação.
Apesar do grande crescimento, o ministro da Educação, Fernando Haddad, diz que o número de vagas oferecidas na modalidade poderia ter sido ainda maior. O controle da abertura de novos cursos, segundo ele, impediu a ampliação das matrículas nesse tipo de graduação. Como acontece com os presenciais, as instituições precisam de pré-requisitos – como projeto pedagógico, número mínimo de professores e infraestrutura – para abrir um novo curso. O MEC verifica essas condições para autorizar a abertura de vagas.
“O ensino a distância no País só não cresce mais em função da regulação do MEC. Se liberássemos, esse número duplicaria ou triplicaria, mas não queremos crescimento sem critério e, sim, sustentável”, ressaltou o ministro. Diante do total de matrículas no ensino superior, a modalidade que não exige a presença do aluno em sala de aula todos os dias representa 14,6%. Um crescimento de cinco pontos percentuais em relação ao ano anterior, quando 14,1% dos estudantes faziam cursos a distância no País.
Para quem se dedica a estudar a metodologia, faltam investimentos no setor para garantir qualidade de ensino nesse novo modelo. Consuelo Fernandez, da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), diz que muitas instituições abriram cursos nessa modalidade com a ideia de que a oferta seria mais barata. Um equívoco, segundo ela, que custa caro para os alunos, especialmente, que não recebem boa formação.
“Falta reconhecer que, para fazermos um bom ensino, precisamos de investimento. É um mito a ideia de que a educação a distância é mais barata do que a presencial. Se a instituição investe em softwares, simuladores, capacitação dos professores para que de fato a interatividade com os alunos aconteça, a oferta se torna cara. Precisamos investir mais”, destaca a professora.
A diretora acadêmica e reitora da Universidade Estácio em São Paulo, Susane Garrido, concorda com a representante da Abed. Para ela, ainda é preciso investir na interação e garantir inclusão digital e social. “Ainda estamos nos apropriando das tecnologias para garantir a inclusão digital. Não chegamos ainda na inclusão social, para fazer com que o sujeito que não teria acesso algum a tecnologia e ensino tenha essa oportunidade”, afirma.

O crescimento da educação a distância

O número de estudantes matriculados nos cursos que não exigem presença nas salas de aulas todos os dias cresceu 170 vezes desde 2001.



Susane acredita que, se as instituições aproveitarem as possibilidades de interação oferecidas atualmente, os custos com tecnologia tendem a ficar mais baratos. “A gente pode compartilhar esforços”, diz. Ela ressalta, contudo, que as necessidades da modalidade ainda precisam ser melhor compreendidas. O ensino a distância exige projetos pedagógicos específicos e profissionais capacitados na área.
O futuro, para Consuelo, é ilimitado. Ela concorda que é possível crescer muito ainda no setor, especialmente por conta do desenvolvimento das novas tecnologias. “Vamos chegar a um momento em que não teremos mais educação presencial ou a distância, será tudo a mesma coisa”, garante. Na opinião dela, ainda há preconceito em relação à modalidade. “A legislação para a educação a distância ainda espelha a legislação presencial. Para mim, ainda faltam normas específicas também.
Os preferidos de quem estuda pela internet
A maior parte dos cursos oferecidos a distância é de licenciatura (45,8%), seguidos dos bacharelados (28,8%) e dos cursos tecnológicos (25,3%). Para as especialistas, não há impedimentos em formar bons professores – estudantes de licenciaturas – ou bons tecnólogos nos cursos a distância. Susane e Consuelo defendem que os problemas de qualidade das instituições são os mesmos em qualquer tipo de graduação.
“Há uma tendência em colocar a educação a distância como responsável pela qualidade ou não de um curso por si só. Mas o que temos de considerar é que, se uma instituição de ensino não tem qualidade no ensino presencial, certamente não terá a distância. Não é porque um curso é presencial que é bom”, comenta Susane.
Consuelo ressalta que já existem programas que simulam práticas que ajudam a alavancar a qualidade da formação. E os estágios e atividades práticas não são excluídos de grande parte dos cursos.

Fonte: UltimoSegundo-IG

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