Ciências sem Fronteiras, educação com barreiras e o Brasil do BRICS (Em economia, BRICS é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul que se destacam no cenário mundial como países em desenvolvimento)
O Governo Federal vem desenvolvendo no setor educacional uma verdadeira revolução – um investimento para levar estudantes e professores brasileiros para as mais renomadas instituições de ensino do mundo, como por exemplo Harvard, MIT, Oxford e Sorbonne, entre outras.
Tudo seria muito lindo, se não fosse um problema, a distância e barreiras que as fronteiras internas do Brasil têm em relação à educação e à formação da maioria dos cidadãos brasileiros.
O programa Ciências sem Fronteiras é uma iniciativa interessante, mas preenche somente uma pequena lacuna na formação profissional e no processo de inovação da gestão do conhecimento brasileiro.
São 100 mil estudantes e professores que poderão se beneficiar, mas, considerando a imensidão geopolítica do Brasil, o número é pífio perto da grandeza e necessidade do país.O novo momento do país, as condicionantes de política externa, o Pré-Sal, o crescimento econômico e principalmente a necessidade de um salto de inovação para o desenvolvimento tecnológico e industrial do Brasil exigem que o Governo gere políticas mais agressivas, e não somente iniciativas que ainda partam de um pensamento de atender uma pequena parcela da população. O foco não é criticar o processo, e sim lhe dar prioridade no que tange ao orçamento e desenvolvimento de uma nova geração de estudantes que farão a diferença nos próximos cinco anos.
O processo poderia ser amplo, considerando um investimento maciço em educação básica e técnica, pois o Brasil sofre com sua base, e principalmente na falta de um ensino de ciências exatas com qualidade. Haja vista a carência de engenheiros hoje no país. Por exemplo: para os próximos cinco anos, são mais de 25 mil.
Avançamos com uma ciência sem fronteiras, e atrasamos ainda com barreiras na educação do país. Se avaliarmos os maiores exemplos de empreendedores e desbravadores da tecnologia e inovação do Brasil, perceberemos que a maioria são pessoas que desenvolveram uma boa base educacional, seja da família como da escola, e na maioria dos casos públicas. E por que hoje isso não acontece mais? Principalmente agora que mais precisamos.
Veja o caso de Ozires Silva, fundador e ex-presidente da Embraer. Uma história igual à de todos os brasileiros. Família pobre, educação pública, mas que teve base e construiu o que hoje é uma das maiores empresas de tecnologia aérea do mundo. Tudo é possível, desde que se tenha base.
O Brasil precisa do Ciências sem Fronteiras, mas o programa deveria ser ampliado para mais de um milhão de estudantes, e temos impostos para isso, pois só esta semana arrecadamos mais de 600 bilhões de reais em impostos, mais um recorde da eficiência da Receita Federal, e com certeza um descompasso da necessidade de educação e formação de que este país precisa. Quanta “cachoeira” de desperdício.
Se compararmos o nosso país com os demais do bloco BRICS, o Brasil está longe da Índia e da China neste quesito. Elas perceberam que o investimento em educação em todos os níveis é o grande passo da competitividade mundial.
São mais barreiras do que “sem fronteiras”. Mas esta questão deve ser debatida diariamente por todos os brasileiros, que devem cobrar políticas públicas de educação, e também cobrar dos estudantes que façam o seu papel – estudar por um Brasil melhor.
Por FÁBIO PEREIRA RIBEIRO – Diário da Rússia
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