sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MEC veta aulas a distância no ensino médio


A decisão foi um dos últimos atos do então ministro Fernando Haddad, que deixou o cargo anteontem. A possibilidade de incluir atividades não presenciais no currículo de ensino médio noturno constava na versão original das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, aprovada em maio pelo conselho. Mas, sob pressão de sindicatos de professores, Haddad pediu ao CNE que o texto fosse alterado, com a retirada do trecho relativo ao ensino a distância.

O conselho acatou a solicitação e suprimiu as frases em que recomendava a oferta de atividades não presenciais, tanto num parecer quanto na resolução aprovados em maio. Só então Haddad homologou o texto. Ele fez isso na última sexta-feira, quatro dias antes de sair do MEC para disputar a prefeitura de São Paulo. O despacho foi publicado na edição de antoentem do Diário Oficial.
Relator das diretrizes na Câmara de Educação Básica do CNE, o conselheiro José Fernandes de Lima diz que a oferta de ensino a distância poderia abranger tanto disciplinas específicas quanto parte do conteúdo de uma ou mais matérias. A justificativa é que as turmas noturnas têm dificuldade para cumprir a carga horária mínima, uma vez que os alunos trabalham de dia e as aulas costumam terminar antes da hora.

As diretrizes sugerem caminhos para melhorar a organização escolar. Um deles é a flexibilização. O texto lembra que o ano letivo não precisa ser um período único, podendo dividir-se em semestres, como ocorre nas universidades, ou ciclos. Prevê ainda a possibilidade de que o curso dure mais de três anos, com jornadas diárias mais curtas.
Ao tratar do ensino médio noturno, a versão original das diretrizes sugeria duas opções para “garantir a permanência e o sucesso” dos estudantes. Uma delas era: “Incluir atividades não presenciais, até 20% da carga horária diária e de cada tempo de organização escolar, desde que haja suporte tecnológico e seja garantido o atendimento por professores e monitores.” Esse trecho aparecia também na parte referente a educação de jovens e adultos. Nos dois casos, foi suprimido.

- O parecer trata de centenas de assuntos. Não iríamos fazer cavalo de batalha com este tópico (ensino a distância), porque ele pode voltar a ser discutido em outro momento – disse Lima ontem. – A escola precisa se aproximar do projeto de vida dos alunos.
Nenhuma escola da rede pública ou particular é obrigada a seguir as diretrizes. Elas servem apenas para orientar a organização dos sistemas de ensino. A homologação é a última etapa da aprovação. Sem isso, o texto aprovado pelo conselho não tem valor oficial.

Fonte: Arquivado em  Educação a Distância

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Conteúdo com grife

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Fazer pós-graduação ou um curso de especialização no exterior é o sonho de muitos brasileiros. Questões como vistos, a impossibilidade de deixar o trabalho ou a família no Brasil e as altas mensalidades de instituições prestigiadas, como Harvard e Oxford, tornam esse projeto inviável para a maioria. Percebendo essa dificuldade, as faculdades criaram opções para levar parte de sua excelência de ensino para outros cantos do mundo, por meio da internet. Muitos cursos são de graça, como os 16 que a Universidade Stanford, nos Estados Unidos, acaba de tornar disponível aos visitantes de seu site. No final do curso, há avaliações e pode-se receber um certificado. Outras universidades de renome têm investido pesado em seus programas de educação à distância pagos e cresce o número de especializações adaptadas para esse modelo virtual. Agora, por preços mais acessíveis, é possível aprender com professores de Berkeley e Harvard, nos EUA, e de Oxford, na Inglaterra. Mas, assim como aconteceria em cursos face a face, para encarar esses programas é preciso entender inglês.

O ensino à distância é uma tendência crescente no Brasil e no mundo. De acordo com o teórico de negócios americano Clayton Christensen, até 2017 metade das aulas do mundo será ministrada de forma remota. Segundo o último censo da Associação Brasileira de Ensino à Distância (Abed), em 2009 mais de 600 mil brasileiros faziam cursos desse tipo no ensino superior. A maior parte deles em universidades nacionais. Mas o número de alunos que fazem pós-graduação em instituições no exterior cresce. Parte da expansão dessa modalidade de ensino se deve às empresas, que têm investido na educação continuada por internet para seus funcionários. “Além de o custo ser menor, o profissional não precisa sair do país”, afirma Fredric Michael Litto, presidente da Abed.
A especialização numa universidade estrangeira ajuda a valorizar qualquer currículo. Além disso, aulas sobre temas específicos podem servir como base para um novo empreendimento ou uma área que o profissional deseja dominar melhor. O economista Daniel Avizu, de 32 anos, encontrou a resposta para muitas de suas dúvidas em tecnologia no site da Khan Academy, um portal de ensino à distância especializado em ciências exatas. “O último curso que fiz foi de reconhecimento da linguagem natural, um segmento da área de inteligência artificial que eu precisava dominar para o meu trabalho”, afirma.

Ele está inscrito para cursar de graça o programa de gestão de empresas de tecnologia, recém-criado pela universidade americana Stanford. Steven Blank, professor que montou esse curso, ensina empreendedorismo há sete anos para os alunos de engenharia da universidade. Ele já criou oito empresas de tecnologia no Vale do Silício. “Um profissional como esse não existe no Brasil”, diz Avizu, que é sócio de uma companhia de tecnologia de segurança, a ZoeMob.

Programas de graduação no exterior precisam ser validados pelo MEC. Essa regra nem sempre vale para cursos livres ou de extensão, como o que Avizu fará. “Em 80% das profissões, o que conta é o conhecimento adquirido e a credibilidade da universidade estrangeira”, afirma Fredric Litto. Antes de escolher o curso, é fundamental avaliar como ele foi estruturado. Na página da universidade deve constar a descrição da disciplina, o programa das aulas, o nome do professor responsável e informações sobre as formas de avaliação. Também é importante verificar se existem canais para o aluno tirar dúvidas e que tipo de recurso tecnológico é necessário para acompanhar o curso.

Por fim, o estudante deve analisar se ele tem o perfil necessário para participar de um programa de educação à distância. Sem organização, comprometimento com os prazos e motivação, as chances de desistir no meio do caminho são enormes. Na dúvida, é aconselhável tentar primeiro um curso de poucas semanas, de preferência gratuito.

Ensino à distância de primeira
Algumas das mais tradicionais instituições estrangeiras oferecem cursos em inglês de diversas áreas, com direito a tutoria, avaliação e certificado



Fonte: revistaepoca.globo.com

Apple quer mudar a experiência do livro didático com o iBooks 2

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Não há dúvidas que os nossos métodos de educação estão ridiculamente atrasados em relação às possibilidades que a tecnologia nos oferece. Os livros didáticos são dos maiores exemplos disso, e mesmo com computadores e smartphones por todos os lados, as crianças e adolescentes continuam usando os mesmos calhamaços há décadas. A Apple acha que há maneiras mais efetivas de apresentar e interagir com o conteúdo educacional, e lançou agora há pouco uma seção de livros didáticos para o iBooks, que pretende “revolucionar” (eles gostam da palavra) este mercado. Steve Jobs disse em sua biografia que queria fazer para a indústria do livro didático o mesmo que fez para a música com o iTunes ou para os tablets com o iPad. Pelo que vimos agora há pouco, há uma chance de a Apple conseguir isso, em condições ideais de temperatura e pressão.
O iBooks 2 quer aproveitar todo o potencial do iPad para conteúdos interativos e aplicar isso aos velhos livros didático. Este potencial, aliás, já foi bastante explorado em apps como o Elements, que nos deixou babando logo no lançamento do primeiro iPad, e o Our Choice, de Al Gore, uma aula de como deve ser um livro didático:

Durante a demonstração da Apple hoje em Nova York, foram mostradas várias funcionalidades parecidas: toque na imagem para ver uma galeria, use o multitoque para dar o zoom naquele gráfico, faça buscas por palavras-chave no livro inteiro ou clique em links para ver mais detalhes. Há vídeos e sons também, como nos CD-ROMs da minha finada Encarta de 1997. Mas não desmereço a coisa. Tocar na imagem ou “sublinhar” algo com os dedos dá um feedback mais interessante, fora que hoje é tudo mais rápido. A primeira demonstração de hoje — um livro de biologia –, foi realmente fantástica. Modelos 3D de células, fotos interativas com multitoque, gráficos animados. Não sei se isso é mais efetivo em termos educacionais, mas divertido, sem dúvida.
Além do conteúdo mais “interessante” para essa geração de videogames, há boas ferramentas para o professor. Por exemplo: dentro do livro, no meio de uma página, é possível responder diversos tipos de questionários, bem mais interessantes que V ou F e múltipla escolha. Em um exemplo dado na apresentação, o aluno deveria associar as fotos dos ecossistemas a regiões dos EUA, arrastando um em outro. O feedback (você acertou! Estrelinha dourada!) é instantâneo e abre várias possibilidades. A ferramenta de marcação de texto também é esperta e tem, além de várias cores, uma reorganização automática: ela divide as suas coisas sublinhadas em cartões de memorização gigantes (algo bem comum entre os moleques americanos) para facilitar o decoreba. Eu tenho minhas dúvidas da efetividade de algo assim, já que há muito tempo prega-se que o fato de a criança reescrever o conteúdo de um livro didático com suas próprias palavras ajuda na fixação do conteúdo. Mas a educação como um todo precisa ser repensada, então a iPOSTILA(você leu primeiro aqui) pode jogar uma luz sobre o que é melhor.
Porque, acredite, os EUA estão passando por uma “crise educacional” que eles consideram séria. A apresentação mesmo começou falando como a educação da terra do Obama está na “Era das Trevas”, com seus estudantes com rendimento bem inferior aos de outros países desenvolvidos. As notas dos americaninhos em matemática e compreensão de texto não chega ao top20. Mudar o livro-texto pode ser uma saída.
(Veja o vídeo completo de apresentação do TextBooks on iBooks aqui.)

Os livros

Há meia dúzia de integrações interessantes, mas o iBooks por si só não é algo novo. O que o iBooks faz de novo então? Ele cria uma central de distribuição e desenvolvimento. Da mesma forma que o NewsStand criou uma “banca” para todos os apps de revistas e jornais, o iBooks 2 é uma loja e mochila para todos os livros didáticos: um mesmo app para ler, interagir e comprar.
É claro que a coisa é bonita no papel, mas só vai dar realmente certo se escolas, pais e editoras investirem. Neste sentido, a Apple tem uma grande vantagem sobre todos os outros concorrentes nos EUA, em especial no quesito “padronização do hardware” e distribuição — eles dominam o mercado de tablet com larga folga e continuam vendendo como água. O iPad foi o desejo número um da molecada americana no Natal e já há centenas de escolas colocando iPads no material didático. US$ 500 é caríssimo, mas vendo o preço de livros didáticos nos EUA (muitos na casa dos 80 dólares), o investimento pode se pagar.

Um problema em potencial é que os livros são arquivos bem grandes: o livro de biologia lindão apresentado hoje tem 2,77GB: eles diminuem o peso da mochila mas não o espaço em disco necessário. Então estamos falando de um investimento inicial de pelo menos 600 dólares, para o de 32 GB. É caro, mas considerando, de novo, a ampla distribuição do iPad nos EUA (o lugar das condições quase ideais de temperatura e pressão) e a aproximação da Apple com as principais editoras de livros didáticos, há uma chance de a Apple conseguir uma enorme dianteira neste mercado bilionário. Entre os parceiros apresentados hoje, vimos McGraw Hill, Pearson e Houghton Mifflin Harcourt, 3 empresas que representam 90% do mercado de livros didáticos dos EUA. E não são só os “livros-texto”. A DK Publishing, que faz aqueles livros de mesa de centro (Dinossauros!) também está trabalhando junto. Se você é meio velhinho para ler livros didáticos e tem o iPad, baixe o Life on Earth, de E.O. Wilson, que terá os dois primeiros capítulos de graça.
E espere muitos livros novos em breve porque, além de tudo, não parece ser extremamente complicado criar novos livros didáticos para o iBook.

O iBooks Author

Um grande pedaço da conferência de hoje foi dedicado ao iBooks Author, a ferramenta de criação de livros didáticos gratuita, disponível hoje na App Store do Mac. Ela é um cruzamento do Pages com o Keynote (ou Word e PowerPoint) que pareceu bastante intuitiva. Há diversos templates, então se você quiser criar um livro de Química basta selecionar aquele modelo e começar a arrastar seus textos e fotos de lá. Elementos interativos podem ser feitos a partir de modelos também, ou importando coisas em javascript ou HTML5 (sorry, Flash).
Não faltaram hipérboles ao pessoal da Apple, e Phil Schiler caprichou ao definir o iBooks Author: “se você já esteve envolvido no desenvolvimento de um eBook, sabem que isso é um milagre.” Gostei de “milagre”, é um adjetivo para quem estava cansado de “mágico”, mas Schiler tem razão no sentido de custos. Apps como Our Choice são caríssimas para serem desenvolvidas, e a nova ferramenta parece, pela rápida volta que eu dei aqui, possibilitar coisas boas de maneira mais rápida/barata. O que deve reduzir o preço dos livros-didáticos (os primeiros custam US$ 14). Aí está a oportunidade para os brasileiros.

E o Brasil?

Não temos iPads, computadores e smartphones por todos os lados, aqui tudo é caro e ainda há o problema de segurança. Mas já está claro que o tablet pode ser uma boa ferramenta educacional, e várias escolas estão experimentando com isso. Por enquanto, centros de ensino como o COC escolheram ferramentas customizadas rodando em tablets baratos e não muito bons, mas se a experiência do livro didático for notadamente superior no iPad — como parece ser –, as escolas podem migrar para a ferramenta da Apple. Não falo de escolas públicas ou mesmo a maioria das particulares. Mas não tenha dúvidas de que o iBooks Author poderá rapidamente ser usado para criar iPOSTILAS em cursos de pós e faculdades mais caras, ou mesmo nas melhores escolas particulares, que não raro batem os R$ 2 mil de mensalidade, sem contar com o custo da lista de material no início de ano.
É esperar para ver como a concorrência reage e pode ser um pouco cedo para falar isso, mas neste mercado especificamente, a Apple acertou em cheio. Ela tem um hardware padronizado e amplamente distribuído, acordos com os principais fornecedores de conteúdo e uma ferramenta de desenvolvimento e distribuição incrivelmente azeitada. Vejo espaço para soluções mais baratas (eBooks simples em tablets de R$ 400, por exemplo), mas no topo da tecnologia, acho difícil alguém destronar a Apple neste segmento.

Fonte: gizmodo.com

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Educação à distância cresce no país


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O EAD, ensino à distância, caiu nas graças dos brasileiros. Dados do último Censo da Educação Superior, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) no final de 2011, informam que o número de matriculados em cursos de graduação pela internet já corresponde a 14,6% do total de matrículas no ensino superior.
Essa porcentagem mostra que as vantagens do EAD vão de encontro às necessidades do mercado: o valor das mensalidades é mais baixo se comparado ao do ensino presencial, a possibilidade de estudar em casa é atraente para quem tem uma rotina de trabalho acirrada e o aluno é quem administra o conteúdo e as atividades.

“Encontrei no estudo à distância uma forma de preencher meu tempo livre de maneira saudável e construtiva”, afirma Elisa Fiel Sorvillo, de 53 anos, proprietária de uma seguradora em Socorro, no interior de São Paulo. Após cursar administração em uma faculdade presencial, ela se formou em filosofia pelo Núcleo de Ensino à Distância da Universidade Metropolitana de Santos, no litoral paulista.
Atualmente, estuda tecnologia em gestão ambiental pelo mesmo sistema e na mesma instituição. Manoela Costa, diretora da Page Talent,  recomenda os cursos virtuais para os que já possuem um diploma em uma graduação presencial: “Os cursos de especialização, pós-graduação e idiomas são métodos de aprimoramento válidos em um processo seletivo”.

Na hora de estudar
Ambiente apropriado para os estudos
São inúmeras as distrações presentes no ambiente doméstico. Para não perder o foco, é importante estabelecer um lugar de estudos agradável, livre de ruídos e com boa iluminação.
Organização e planejamento
Em um curso à distância, deixar os trabalhos para a última hora significa ficar para trás em relação aos demais alunos. Faça um planejamento diário ou semanal
e cumpra-o à risca.

Tire suas dúvidas com o instrutor
A maioria dos cursos de EAD conta com tutores para acompanhar o progresso dos alunos. Trocar experiências com o professor regularmente é parte importante no processo de aprendizado.
Monte grupos para estudar

Utilize fóruns e redes sociais ou organize reuniões para discutir o conteúdo com os colegas da turma. A própria instituição pode te ajudar a conhecer outros alunos.
Providencie uma conexão adequada
A internet é a principal ferramenta de trabalho ao longo do período letivo. Por isso, contrate um bom provedor para não perder aulas ou passar aperto nas entregas das atividades.

Dicas para escolher uma instituição de ensino

Reputação da faculdade
Confira se a instituição escolhida é credenciada pelo Ministério da Educação (MEC). Veja mais informações no site

Métodos de avaliação
Questione professores sobre provas, trabalhos e atividades extracurriculares. Desconfie de universidades que usam apenas métodos alternativos.

Corpo docente
Pesquise a formação dos  coordenadores e professores. Não deixe de checar se eles possuem publicações ou pesquisas de destaque.

Material pedagógico
É fundamental saber se as apostilas estão atualizadas. Avalie também o suporte tecnológico que a instituição oferece. Faça uma aula teste.

Local das aulas
Alguns cursos exigem aulas presenciais. Veja se o local onde você fará essas atividades possui biblioteca, salas para estudo, etc.

Ex-alunos
Verifique com  pessoas que concluíram o curso escolhido se as experiências foram positivas. A instituição pode fornecer os contatos.

fonte: diariosp.com.br

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Proposta regulamenta tutoria em educação a distância

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A atividade de tutoria em educação a distância poderá ser regulamentada pelo Projeto de Lei 2435/11, do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), em análise na Câmara. A proposta define a atividade como a interação, a mediação e a facilitação do processo de ensino-aprendizagem, com foco na inserção dos recursos tecnológicos na cultura de valores dos alunos.
O texto prevê, por exemplo, que, nos cursos livres de educação a distância, serão considerados habilitados e/ou certificados para o exercício da atividade de tutoria os concluintes do ensino médio ou superior, com formação técnica de no mínimo 180 horas na área correlata aos cursos em que pretende atuar. A proposta ainda tornar obrigatória a apresentação de certificado expedido por instituição idônea.

Obrigações
Nos casos de cursos credenciados ou autorizados pelos sistemas de ensino federal e estaduais, só poderão exercer a atividade os concluintes do ensino superior, preferencialmente com especialização lato sensu. A habilitação e/ou certificação também será obrigatória e poderá ser oferecida por instituições públicas ou privadas, com carga horária nunca inferior a 420 horas.

O projeto isenta da obrigatoriedade de certificação os concluintes de ensino médio técnico ou superior tecnólogo, desde que seja para atuar na área de mesma formação. Também ficam isentos os tutores de educação a distância que estejam ininterruptamente em exercício há pelo menos 3 anos, até a data da publicação da lei.

Objetivos e atribuição
O tutor terá como objetivos, entre outros, garantir a descentralização, a capilarização e a universalização da oferta do ensino de qualidade; dar celeridade e interatividade na divulgação de informações e solução de dúvidas; e aprimorar o ensino-aprendizagem.
Entre suas atribuições, estão a de: assumir disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios da tutoria; fazer treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários em tutoria; e elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para tutores.

Novas alternativas
Ricardo Izar afirma que, com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, a educação a distância se beneficiou, ampliando as alternativas para geração de conhecimento e de processos pedagógicos.
“As fontes eletrônicas de informação trazem possibilidades quase inesgotáveis para a aprendizagem através da imensa variedade de recursos disponíveis na web”, afirma o deputado, lembrando que, atualmente, há 35 mil tutores, sendo 10 mil somente nas universidades abertas do Brasil.
Tramitação

A proposta, que tramita em caráter conclusivo, será analisada pelas comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta: clique aqui

fonte: camara.gov.br

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Seis escolas de ensino à distância do Distrito Federal são descredenciadas

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Em Brasília, o que preocupa é a lista de escolas que estão sob suspeita. Seis foram descredenciadas e não podem mais oferecer ensino à distância. Esse número pode aumentar. São irregularidades que, infelizmente, não acontecem apenas em Brasília. É uma venda casada: empresários que trocam a educação pelo comércio com a má fé ou a ingenuidade levada ao extremo de alguns jovens.

Ao todo, 30 mil alunos estão matriculados em escolas que oferecem ensinos Fundamental e Médio à distância em Brasília. Noventa por cento delas têm alguma irregularidade, de acordo com o Conselho de Educação do Distrito Federal.

“Eles não cumprem as condições iniciais de credenciamento, desrespeitam as normas e visam somente o ganho fácil. Educação passa longe”, afirma Nilton Alves Ferreira, presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal.

Seis foram descredenciadas e não podem mais oferecer ensino à distância. Elas ignoram o prazo mínimo determinado por lei para a conclusão dos cursos – no Ensino Médio, um ano e meio; e dois anos para as séries finais do Ensino Fundamental.

Por telefone, a atendente de uma escola confirmou que o aluno pode conseguir o diploma em apenas dois meses. “Para o Ensino Médio são 11 provas, onde ele pode estar fazendo até três provas de 15 em 15 dias”, disse.

Se não passar nas provas, há outras possibilidades. “Ele tem até três chances para estar fazendo cada prova. Sendo que, na terceira chance, ele pode estar optando por um trabalho que vale até dois pontos para ser somado com a maior nota que ele tirou nas outras provas”, continua a atendente.

Outras escolas estão sendo investigadas, e o Conselho de Educação decidiu suspender a análise de pedidos de credenciamentos para novas instituições. “Muitas escolas se restringem a uma salinha 4 por 4 com computadores e uma secretária fazendo um trabalho burocrático administrativo. Isso não é escola”, critica Nilton Alves Ferreira, presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal.

A Polícia Civil também investiga instituições particulares que estariam fraudando exames ou vendendo diplomas falsos. Em uma escola pública, a suspeita é que funcionários incluem na lista de formandos nomes de alunos que nunca frequentaram aula ou fizeram qualquer prova. São cinco inquéritos.

O delegado Júlio César de Oliveira Silva diz que, se for comprovado o crime, podem ser punidos os responsáveis pela escola e também o aluno. “Se ele tiver consciência de que está comprando um diploma falso, ele vai responder por falsidade ideológica, falsidade material, atestado ou diploma falso”, afirma.

Mas dá para evitar problemas como esses. O primeiro cuidado é procurar saber sempre se a instituição de ensino é credenciada e se o curso tem reconhecimento oficial

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Metade dos professores terão formação superior à distância até 2015


É cada vez maior a opção por licenciaturas a distância pelos universitários que serão os futuros professores da educação básica brasileira. Enquanto a taxa média de variação do número de concluintes na modalidade presencial foi negativa em 3,6% nos últimos cinco anos, com 161,3 mil titulados em 2010, o ritmo de crescimento da formação nos cursos online supera média anual de 60% no período. Em 2005, apenas 11 mil pessoas concluíram licenciaturas a distância. Em 2010, foram quase 72 mil.

Atualmente, os alunos e concluintes das licenciaturas a distância representam 30% do total das graduações de formação docente. Há cinco anos, esse quadro variava entre 5% e 8%. Considerando as mais de 6 milhões de matrículas de todo o ensino superior brasileiro, a fatia da modalidade de educação não presencial é de 15%. Se o comportamento das matrículas e conclusões do ensino superior a distância mantiver esse avanço nos próximos anos, em 2015 o Brasil terá mais professores diplomados em licenciaturas online do que nos tradicionais cursos presenciais.

Ou seja, a maior parte das futuras safras de professores responsáveis pelo ensino das crianças e jovens carregará uma formação completamente nova e, ao mesmo tempo, controversa. Está em curso intenso debate sobre a acelerada expansão da formação a distância. Para críticos, na comparação com a graduação tradicional, o modo distância é menos eficaz em termos pedagógicos, ainda tem frágeis mecanismos de avaliação e regulação por parte do Ministério da Educação (MEC), e os acadêmicos envolvidos na preparação dos programas carecem de qualificação.

“Quem trabalha com formação está muito preocupado com esse boom, porque não temos dados claros sobre qualidade. Há um debate muito forte na área exigindo compromisso do MEC para que seja repensada a política de expansão desenfreada. Detectamos problemas nos estágios, de adequação curricular e de avaliação”, comenta a professora Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas (FCC).

Para a pesquisadora, especializada em formação docente, maior acesso a livros e outros materiais didáticos e maior interação entre estudantes e professores são vantagens do ensino presencial. “Ninguém é contra o ensino a distância. Acontece que há um grande arsenal de conteúdo e tecnologia, mas que não é usado. Por exemplo: as instituições não dispõem de equipes suficientemente adequadas para o desenvolvimento dos cursos.”

Por se tratar de programas essencialmente teóricos, Fredric Michael Litto, presidente da Associação de Educação a Distância (Abed), explica que as licenciaturas se adaptam muito bem à modalidade não presencial. “Também há recursos semi-presenciais e as tutorias para a parte prática. Um curso remoto atrai o aluno, pois é conveniente. Na internet o aluno é exigido a estudar sempre, no fim de semana, no feriado”, diz Litto. Ele argumenta que as críticas sobre a qualidade são “generalizações sem evidência”. “Inverto a pergunta: “Como está a qualidade no presencial?” A grande demanda da educação a distância veio tapar o buraco dos cursos tradicionais.”

Para João Valdir Alves de Souza, professor de sociologia da educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a explosão das licenciaturas a distância também está ligada a fatores socioeconômicos. “Atendem a um público que não é atendido por cursos presenciais em suas cidades. Ao mesmo tempo, as licenciaturas são os cursos mais baratos, portanto, os mais acessíveis para uma grande parcela da população. Avança no sentido de suprir quantitativamente a demanda por formação de professores, mas ainda está longe de supri-la do ponto de vista de qualidade”, argumenta Alves de Souza, reiterando que problemas de qualidade não são exclusivos do ensino a distância. “Escolas que se consolidaram bem na oferta presencial tendem a oferecer ensino a distância de boa qualidade e vice-versa.”

Formada em artes, a designer de joias Fernanda Cerqueira Leite trabalhou por 18 anos como professora de educação infantil e auxiliar pedagógica. Em 2006, decidiu se matricular num curso de pedagogia a distância para complementar sua formação. “Não tinha outra opção. Com filho pequeno e morando longe do trabalho era inviável ir para a faculdade todo dia.”

Ela conta que o programa é puxado e exige muita disciplina. “Se perder o prazo das atividades e não entregar os trabalhos não dá para tirar nota. É tudo muito rápido e isso é um ponto negativo, porque falta interação, tempo para se aprofundar em determinados temas. Na faculdade comum a turma de pedagogia fica um ou dois bimestres estudando didática. Nesse caso, o currículo do curso a distância deixou a desejar”, reclama Fernanda, que também cita o preconceito do mercado em relação a um profissional diplomado a distância. “Dão a vaga para o professor que estudou na USP, no presencial.”

O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, diz que a forte procura pelas licenciaturas a distância, principalmente a partir de 2005, é explicada pelo esforço feito para formar professores que atuavam na educação básica sem diploma. “Portanto, estamos falando de um crescimento natural. Mas trabalhamos com a meta de que o profissional formado a distância ou presencialmente tenham as mesmas habilidades. O mesmo vale para a avaliação dos alunos e a nossa supervisão.”

Fonte: clickpb.com.br

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Joichi Ito desistiu duas vezes da faculdade, diz não se adaptar ao esquema tradicional de ensino e tem atração por coisas tão diversas quanto aulas de mergulho e tecnobrega (sim, o do Brasil).

Joichi Ito desistiu duas vezes da faculdade, diz não se adaptar ao esquema tradicional de ensino e tem atração por coisas tão diversas quanto aulas de mergulho e tecnobrega (sim, o do Brasil).
Defende que as empresas, como faz o Google, deem tempo livre aos funcionários para que eles aprendam a pensar além de seu dia-a-dia, mas acha que não virão das megacorporações as próximas grandes sacadas.
Empreendedor, investiu no Twitter quando ele não era “trending topic”; ajudou a por de pé o portal de blogs Global Voices muito antes da Primavera Árabe; e mostra mais entusiasmo hoje com a China do que com seu Japão natal ou com os EUA, que adotou.
Desde abril, Ito, 45, zero diploma superior e energia infinita, dirige o Media Lab.
A instituição multidisciplinar, que surgiu há 26 anos no MIT (Massachusetts Institute of Technology) na vanguarda da revolução digital, hoje está na linha de frente da inovação, tecnologia, educação, urbanismo ou o que der na telha de seus pesquisadores.

Folha conseguiu fazê-lo parar por 40 minutos, durante uma viagem de trabalho a Miami, para uma conversa via Skype. Eis a entrevista:

FOLHA - O sr. se define como um autodidata. Como foi sua educação básica?

JOICHI ITO - Eu nasci no Japão, minha primeira língua é o japonês. Me mudei para os EUA quando tinha dois anos. Até os dois primeiros anos de ensino médio estudei em escolas públicas americanas. Depois me mudei de volta para o Japão com minha mãe para o terceiro ano em uma escola internacional americana.
Fui para a Universidade Tufts estudar ciência da computação, mas larguei depois de um ano e meio. Comecei a trabalhar em um laboratório de computação, quando um professor da Universidade de Chicago me convenceu a ir para lá para estudar física. Mas eu larguei o curso, de novo, para me tornar DJ.

FOLHA - Algo no ambiente acadêmico o desagradava?

ITO - Sempre tive interesse em redes de computação e as usava na escola para tentar encontrar pessoas interessantes e dialogar com estudantes e professores. Eu já estava aprendendo um bocado por conta própria por meio dessas redes. Na escola, eu sabia mais sobre computação do que eles podiam me ensinar.
Quando fui para a universidade, aprendi mais sobre física pela internet, com os professores que eram meus amigos, do que em aulas. Eu não gostava do modelo de aulas expositivas e preferia o modelo mais interativo da internet. Eu tinha pontuações muito boas nos exames, mas tirava notas ruins porque não ia às aulas.
Comecei a maioria dos clubes extracurriculares no Japão. Um monte deles: luta, debates e coisas assim. Era bem empreendedor. No ensino médio, fui votado como o mais propenso a ter sucesso, mas minhas notas não eram muito boas.
Não acho que meu problema fosse com a escola, necessariamente. Eu tinha um tipo de personalidade particular. As crianças que se saem muito bem na educação formal, em geral, são estudantes que têm habilidade de planejar. São aqueles capazes de pensar “daqui a 20 anos estarei fazendo tal coisa”. Mas a maioria das crianças não pensa as coisas tão em longo prazo. Eu não era assim quando era jovem.
Basicamente, meu problema era questionar “por que estou aprendendo isso se não sei ainda o que vou ser quando crescer?”. Eu queria aprender coisas que eu pudesse usar logo em seguida.
A minha personalidade era assim e era frustrante para mim ser obrigado a aprender algo só porque era parte do plano. Eu não tinha o meu plano.
Eu sou instrutor de mergulho agora. Adoro ensinar mergulho a crianças porque tenho de ensinar vários conceitos de física, química e matemática a elas. Isso é muito legal, porque elas sabem que uma hora depois vão cair na piscina e usá-los efetivamente. E quando você aprende as coisas na piscina, já está imaginando como vai aplicá-los quando estiver no mar.
Cada porção de conhecimento que você adquire lá tem uma aplicação direta. Tudo é construído sobre algo que já está planejado, então você sempre pode dizer aos alunos para que estão aprendendo determinada coisa.
Até mesmo os estudantes mais distraídos aprendem, porque ficam concentrados nos objetivos quando são submetidos a esse tipo de aprendizado. Para a maioria das crianças, acho que essa é uma forma melhor.
É preciso ter um tipo especial de cérebro para ser capaz de pensar “estou estudando isso para que eu possa aplicar esse conhecimento daqui a dez anos”. Minha irmã era assim. Uma estudante nota A, muito inteligente, e hoje com dois doutorados. Mas no Media Lab, estou tentando pensar em como estimular o pensamento criativo e o aprendizado para os outros tipos de estudante.

FOLHA - Como esse ambiente do Media Lab pode ser reproduzido em escolas e empresas para que as pessoas deem o seu melhor?

ITO - Minha crença é de que é cada vez mais difícil planejar as coisas, por causa da maneira como o mundo está. Todos os dias você lê no jornal uma notícia sobre algo que afeta o seu negócio e que você não tinha previsto. Uma coisa que todos temos de fazer é ensinar as pessoas a pensar de maneira ágil.
O tipo de ensino que temos no Media Lab é uma maneira muito boa de criar ensino rigoroso nesse ambiente dinâmico. Mas o Media Lab é um pouco extremo. Talvez não seja a melhor coisa que todos no mundo adotem a abordagem do Media Lab, mas é possível que haja versões dela para serem aplicadas.
A coisa que o Google faz, de dar 20% do tempo aos funcionários para fazerem outras coisas, foi inventada anos atrás, na 3M. A ideia de que as pessoas devem ter uma certa percentagem de seu tempo para fazer coisas sem nenhuma ligação com sua tarefa talvez seja uma maneira boa de fazê-las pensar fora do plano.

FOLHA - Não há o risco de deixar as pessoas se distraírem demais?

ITO - Se você tiver um dia por semana em que deve se dedicar a algo não planejado, você pode segmentar isso por tempo ou por recursos, mas o importante é permitir isso àqueles que queiram. Não acho que as pessoas tenham de ser forçadas a isso. Mas muitas pessoas querem ter a possibilidade de, dentro de certos parâmetros, trabalhar fora do plano.
O pior cenário é o de empresas como algumas que eu conheci no Japão. Todas as reuniões são reuniões convencionais, como a reunião semanal de administração ou a reunião mensal de contabilidade.
Eu tenho um amigo que não tem tempo em sua agenda para nenhuma reunião que não seja reuniões recorrentes pré-planejadas. São reuniões em que ele encontra sempre as mesmas pessoas. É claro que ninguém vai conseguir mudar o rumo de alguma coisa assim.
No Media Lab, em contraposição, quase tudo é extraplanejamento. Mas eu acho que mesmo um ambiente mais convencional precisa ter um pouco disso. Algumas empresas dedicam 10% do tempo a trabalhos fora de plano, algumas 15%, outras 20%.

É importante para criar um processo em que a energia das pessoas e as suas ideias possam ser executadas.

FOLHA - Isso se aplica a qualquer tipo de negócio?

ITO - Hoje todos os tipos de negócio requerem inovação. Antigamente, não era algo crucial, porque as coisas não mudavam muito. Você poderia trabalhar a vida inteira como sapateiro sem que nada no seu ofício mudasse.

Hoje, não existem mais negócios que não estejam sendo afetados de alguma maneira pela internet e pela globalização. Mudar é necessário.

FOLHA - O que as empresas e a academia podem fazer para estimular a inovação nesse contexto?

ITO - John Seely Brown escreveu um livro interessante, “The Power of Pull”, para mostrar como a inovação acontece marginalmente e não é planejada de modo centralizado.
Então, acho que é mais uma questão de descobrir o que as empresas podem fazer para se tornarem plataformas mais abertas a esse processo. Isso requer mudanças na arquitetura da comunicação e da alocação de recursos, mais do que investimentos específicos em X, Y ou Z.
Quando falamos em abertura, em geral se associa isso ao licenciamento aberto, ao uso de softwares open source, ao uso de conteúdo aberto como “creative commons”. Mas eu acho que esse processo também se trata de abrir suas fronteiras para a comunicação, em vez de recorrer ao departamento de relações públicas para qualquer coisa.
A indústria do videogame sabe fazer isso muito bem. Eles deixam os desenvolvedores conversarem diretamente com os clientes. Existem fóruns que reúnem jogadores e desenvolvedores trabalhando junto constantemente. Os jogadores acabam se tornando alguns dos melhores desenvolvedores e “testadores” de games.
Esse processo também tem relação com o marketing em mídias sociais, mas é importante notar que as pessoas não confiam mais em platitudes como os press releases.
Você ganha confiança quando as pessoas conseguem falar diretamente com quem está trabalhando em um problema em particular. Abertura aos acionistas e mais transparência estão conectados à ideia de transparência governamental também.

Do ponto de vista da universidade, é importante tentar mudar a imagem de um contêiner para a de uma plataforma. É isso o que tentamos fazer no Media Lab. Também tentar envolver diferentes instituições e diferentes acionistas em projetos.

FOLHA - O modelo de financiamento do Media Lab é muito particular, aliás.

ITO - Sim. Eu ainda estou tentando fazer mais mudanças para criar uma nova versão daquilo que fazemos. Eu estou deixando de usar a palavra “patrocinador” para usar a palavra “membro” e estou tentado criar uma rede em vez de manter uma relação distanciada dos patrocinadores.
Além disso, precisamos fazer mais colaborações com outras instituições. Se você olha para a maneira com que os governos financiam a inovação, você vê a maior parte do dinheiro indo para os desafios grandiosos –projetos enormes para solucionar algum problema específico em vez de verbas pequenas se multiplicando. Isso força as organizações a trabalharem mais em colaboração.

O Cern, por exemplo, possui 10 mil cientistas trabalhando em muitas coisas diferentes. Ele mostra que agrupar as coisas em torno de grandes desafios é interessante, porque apesar de o Cern ser um enorme laboratório de física, ele é extremamente interdisciplinar.
Eu tive uma conversa muito interessante com Rolf Heuer, diretor do Cern, e me dei conta de que a comunidade lá é similar à do Media Lab, porque eles tiveram que construir um grupo muito interdisciplinar para sustentar suas pesquisas. Isso é interessante porque, de certa forma, o Media Lab faz o oposto.
Nós não temos um problema que estejamos querendo solucionar, mas temos muitos processos similares aos do Cern. Então, entre as questões que são importantes para mim está a de como o Media Lab pode se envolver em projetos como os do Cern.

FOLHA - Nicholas Negroponte diz que a revolução digital já se encerrou. Qual é o próximo front?

ITO - Temos muitos. Quando Nicholas disse que a revolução digital se encerrou, acho que isso significa que uma fase importante da revolução digital, a era de conferir poder aos indivíduos, se encerrou. Agora estamos falando em coisas como participação, redes e coisas como fabricação [fabrication], medicina e educação.

Tudo isso foi tremendamente impactado pela revolução digital que ocorreu anteriormente e pela revolução das redes que ocorre agora. O que estamos fazendo é criar novas maneiras de inovar e aprender. Todas essas coisas foram causadas pela revolução digital e pela revolução da rede.
Nós estamos entrando em um mundo pós-produção em massa, onde a pesquisa e a inovação ocorrem de baixo para cima e de modo descentralizado.

O Media Lab é definido mais por um processo e uma filosofia do que por algum campo específico. O Media Lab pode se aplicar a praticamente tudo que foi afetado pela revolução digital.

FOLHA - O sr. tem algum projeto favorito no Media Lab?

ITO - Meu projeto favorito é o Media Lab em si, é tentar descobrir como criar esse ambiente chamado Media Lab. Como um investidor do mercado de capitais, eu tinha um portfólio de empresas e não imaginava que o Twitter seria aquela que iria decolar.
Alguns projetos podem parecer óbvios no começo e de repente começam a ficar interessantes. Acho importante não julgar demais a pesquisa nos estágios precoces. Se você tem alguém entusiasmado e disposto a se dedicar e a aprofundar algo, vale a pena esperar para ver.

É claro que, se tudo terminar em fracasso, é preciso reconhecer e se livrar disso logo. Eu gosto de muitas coisas aqui, claro. Adoro os trabalhos sobre aprendizagem, como o do grupo de Leah Buechley e o de Mitchel Resnick. Mas para mim todos os trabalhos são fascinantes e o projeto ao qual eu me dedico é o Media Lab como um todo.

FOLHA - Como o sr. escolhe um projeto? O que está emergindo como a próxima grande sacada?

ITO - Se você observar a minha trajetória, eu suspendi aquilo que eu chamo de pilha [stack], que é a camada técnica. Então, comecei com a rede e trabalhei com páginas de internet, busca, publicidade e agora mídia, jornalismo, política…

Escrevi um estudo chamado “Democracia emergente” em 2003 e trabalhei em muitos comitês sobre o impacto da mídia digital em democracia. O Global Voices teve um envolvimento com a Primavera Árabe. Não estava fazendo política, mas estava envolvido com política.
Agora, a próxima fase da minha vida inclui coisas como educação, arte e criatividade em um nível mais abrangente. Estou em Miami agora porque estou no painel da Fundação Knight. Estou deixando de operar organizações sem fins lucrativos para ajudar as pessoas a achar maneiras de financiar essas organizações. Talvez seja a minha idade…

FOLHA - Esse é um grande desafio.

ITO - Sim, porque há limites sobre o que você pode fazer por meio de mecanismos tradicionais de marketing e capitalismo. E também há limitações no modo com que as fundações funcionam. Existem muitos projetos importantes que temos de financiar, mas que ainda carecem de um bom modelo para tal.
Minha próxima área é tentar descobrir como incentivar as pessoas a iniciarem projetos e como encorajar outras pessoas a financiá-los. O Media Lab é interessantíssimo para mim, porque ele é um modelo interessante para financiar novas idéias.

FOLHA - Os EUA ainda são o grande centro mundial de inovação. O sr. acha que outros países podem ganhar mais destaque nesse cenário? O Brasil está adiantado em projetos de software aberto e de colaboração, por exemplo.

ITO - Acredito que o Brasil, a China e a Índia terão um impacto tremendo muito em breve. Nós teremos algumas empresas chinesas se juntado ao Media Lab em breve.
Eu sou velho o bastante para me lembrar de encontros que tive com pessoas antigas da Honda. Eles estavam no grupo que “roubou” várias idéias de Detroit e soube trabalhá-las para transformar a Honda numa líder em vez de uma seguidora.
Vejo o mesmo tipo de mentalidade hoje na China, onde há grandes empresas que estão dominando mercados depois de copiar os americanos. Eles estão começando a investir em pesquisa e desenvolvimento, agora, porque se deram conta de que já são líderes.
Então, para mim, isso tudo faz lembrar o Japão. Mas, hoje, infelizmente, diversos problemas estruturais do Japão o impedem de continuar a liderar isso. Mas com a China deve ser diferente.

FOLHA - O sr. já esteve no Brasil?

ITO - Eu vou ao Brasil em novembro como conferencista da ExpoManagement. Estive no Brasil várias vezes representando a Icann e o Creative Commons. Assim como na área do open source, há uma tremenda energia no Brasil e na América Latina.
Uma coisa ótima é que vocês não são pressionados por instituições antigas, como Hollywood e outras. Isso significa que vocês podem experimentar modelos alternativos para distribuir entretenimento e arte. No espaço do conteúdo para cultura, especialmente, o Brasil é promissor. Vocês têm um grande mercado para esporte, música.

Não sei se ainda é algo popular, mas eu andei estudando a história de coisas como o tecnobrega e a cena de música eletrônica, onde o dinheiro é gerado pelos eventos e não pelas vendas de CDs. Isso é uma coisa interessantíssima, que nunca poderia ser experimentada em lugares como o Japão, a Europa ou os Estados Unidos.

E o conteúdo é uma parte importante da tecnologia. Se você analisa a Sony, eles usam os seus negócios na área de conteúdo de maneira estrategicamente conectada a seus negócios em tecnologia.
O Brasil tem recursos naturais culturais que o permitiriam fazer isso.

César Hidalgo, pesquisador chileno que é um dos nossos melhores jovens talentos, está mapeando o crescimento do poder de competitividade de diversos países. Os tipos de relação que o Media Lab pode ter com empresas e instituições brasileiras, chinesas e indianas são áreas de foco importantes para mim.

FOLHA - O que o sr. acha do SOPA?

ITO - O SOPA (Stop Online Piracy Act, projeto de lei da Câmara dos EUA contra pirataria on-line) é, obviamente, ruim. No Creative Commons, recentemente, eu estava conversando bastante com a WIPO (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).

Nas audiências em Washington, ouvimos também a indústria fonográfica, a RIAA (associação americana das gravadoras), e a cinematográfica, a MPAA (associação americana dos produtores de cinema).
E está acontecendo algo interessante. Eles estão começando a concordar em parte conosco. Ambos estão dizendo publicamente que acham aceitável que os artistas tenham direito de escolher.
Tive muitas conversas com Cary Sherman, da RIAA. Hoje escutamos empresas mais conservadoras dizendo “a WIPO está muito liberal, então vamos adotar medidas anti-falsificações”.
Não poderão contar com a MPAA e a RIAA para levar adiante essas políticas mais duras. As pessoas mais sofisticadas estão chegando à conclusão de que todos podem jogar no mesmo campo. O próprio YouTube está pagando a empresas e artistas.

O que acontece é que ainda há esses extremistas fazendo lobby para levar adiante essa proposta maluca.
Não acredito que qualquer pessoa equilibrada que tenha estudado o assunto possa concordar com essa proposta. É incrível ver quanta atração esse tipo de coisa tem.
Existe uma versão similar do projeto de lei em Hong Kong. O problema aqui é que muitas pessoas copiam os EUA. Acho que o SOPA é uma coisa muito problemática, não faz sentido e foi escrita por pessoas que não entendem o que estão fazendo.

FOLHA - Existe uma maneira de tratar essa questão sem cair em extremos? O Creative Commons seria uma?

ITO - É importante fazer com que iniciativas como o Creative Commons sejam mais integradas em produtos. A indústria do entretenimento cultiva a crença de que as pessoas são ruins por natureza. E as pessoas trabalhando com a internet acreditam que as pessoas são todas boazinhas.
Eu acredito que se você der às pessoas a oportunidade de entender o que é o copyright e de não violarem a lei, elas não o farão, desde que você dê a elas uma maneira fácil de pagar um preço justo pela música. Eu acredito que as pessoas têm respeito pelos autores.

Uma das razões pelas quais o Napster deixava as pessoas tão entusiasmadas é que ele as permitia encontrar músicas que não estavam à venda em lugar nenhum. O que muitas pessoas chamavam de pirataria era na verdade promoção.

A indústria de games começou vendendo fichas que davam direito a assentos em máquinas de fliperama. Era um negócio imobiliário. Depois começaram com videogames domésticos e o negócio passou a ser voltado para o copyright.

E depois, com a internet, começaram a se transformar mais num negócio de assinaturas. Hoje existem coisas como o machinema, que são filmes feitos com conteúdo tirado de videogames.
Produtores de videogame estão pagando amadores para fazer vídeos musicais porque o copyright não é mais o modelo de negócio deles.

Então, a indústria de games conseguiu evoluir sua tecnologia ao mesmo tempo em que evoluiu seu modelo de negócio. A indústria fonográfica e a indústria cinematográfica não tiveram criatividade para conseguir evoluir dessa maneira.

Eu acho que não deveríamos estar pensando sobre como proteger o copyright, mas sim proteger a indústria de entretenimento.
A preocupação com o copyright é como a preocupação em proteger o jornal de papel em vez de proteger o jornalismo. O inglês é a única língua em que a palavra papel [paper] está inserida na palavra jornal [newspaper].

Será que o importante para o jornalismo é proteger a indústria de papel? Para mim isso soa estúpido. E a noção de que o copyright é um valor que devemos preservar me soa igual.
O copyright é apenas uma ferramenta para estimular a inovação e foi eficaz em um mundo em que fazer cópias de um produto era uma parte considerável do custo de distribuição.
Precisamos proteger direitos autorais, mas precisamos criar um modelo novo para isso, no qual as pessoas paguem por acesso e por autenticidade. É um problema complicado, mas cuja solução tem mais a ver com inovação do que com controle.

Fonte: Folha.com