quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Uso de tecnologia em sala de aula aumenta o rendimento dos alunos

Estudo da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) relaciona tecnologia e desempenho escolar. Resultados apontam melhora de 32% no rendimento dos estudantes

Uma pesquisa realizada pelo núcleo de ensino da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) mostrou que o uso de ferramentas tecnológicas educativas melhoram em 32% o rendimento dos estudantes em matemática e física em comparação aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula. O estudo Objetos de Aprendizagem em Sala de Aula: Recursos, Metodologias e Estratégias para a Melhora da Qualidade de Ensino foi desenvolvido durante dois anos e avaliou o desempenho de 400 alunos de oito turmas de 2º e 3º anos da escola estadual Bento de Abreu, em Araraquara, no interior de São Paulo.

Segundo informações do portal Porvir, as aulas foram divididas entre expositivas e atividades que contavam com o que a pesquisa chama de objetos de aprendizagem, ou seja, recursos tecnológicos que permitem a interação com o conteúdo, como animações, simulações e jogos. Um desses games, por exemplo, ensinava análise combinatória. Nele, os alunos precisavam analisar quantas possibilidades de roupa Susana, a bonequinha animada, poderia usar para ir à balada. Já em outro, usavam o jogo para organizar diferentes times de futebol para aprender sobre arranjo.

Diante da experiência, o estudo mostrou que os estudantes com menor desempenho em sala de aula obtiveram maior rendimento com o uso das ferramentas tecnológicas. Aqueles com média cinco, ou abaixo desse valor, melhoraram em 51% seu desempenho em física e matemática. Já aqueles com média acima de cinco, obtiveram um ganho médio de 13%.

Ao todo, foram trabalhadas cerca de 20 ferramentas tecnológicas nas aulas. Algumas delas, foram criadas pelo núcleo de ensino da Unesp. Porém, a maioria, foi aproveitada de repositórios educativos locais, como o BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) e Rived, programa da SEED (Secretaria de Educação a Distância) ou traduzidas de repositórios internacionais.

Próxima etapa

Por conta dos bons resultados, neste ano terá início uma versão mais ampla do projeto, que agora passa a ser apoiado com recursos financeiros da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O número de alunos atingidos subirá para 600 e a pesquisa contemplará os três anos do ensino médio. Também será expandida a quantidade de disciplinas: além de matemática e física, os professores usarão as ferramentas em português, química e filosofia.

Diferentemente da versão anterior, os alunos não vão mais precisar se deslocar ao laboratório de informática. Serão fornecidos 35 notebooks para que as atividades sejam realizadas dentro da sala de aula.

Outro diferencial desta nova fase será a capacitação dos professores e a entrega de bolsas-auxílio aos seis professores participantes do projeto – diferentemente da primeira etapa, em que não contavam com nenhuma espécie de formação ou pagamento. Ao longo do ano, serão oferecidas seis capacitações sobre o uso de notebooks na sala de aula, o que são os objetos de aprendizagem e como utilizá-los em cada uma das áreas. Para dar sustentabilidade à iniciativa, também serão criados roteiros (do professor e do aluno) para orientar os professores interessados em replicar a metodologia.



Macmillan investe em portal de Educação a Distância

Veduca recebe aporte de gigante do mercado editorial de olho na nova versão da plataforma


O portal de educação Veduca, que reúne cerca de 5,3 mil videoaulas de algumas das melhores universidades do mundo, receberá um aporte de R$ 1,5 milhão do grupo editorial Macmillan e dos fundos de investimento Mountain do Brasil e 500 Startups.

O investimento marca a entrada da Macmillan no setor de educação a distância na América Latina, diz o sócio-fundador do Veduca Carlos Souza, de 32 anos.

Para o executivo, a parceria com o grupo editorial “confere credibilidade e abre oportunidades” para o Veduca. “Facilita o contato com instituições de ensino superior de fora do País que já são clientes da Macmillan.”

Este meio de campo será fundamental para o Veduca. A partir de março, quando a empresa completa seu primeiro aniversário, o portal vai oferecer cursos com certificação elaborados em conjunto com professores universitários. “Além das aulas, o aluno terá uma série de recursos para testar conhecimentos, como quizzes e fóruns de discussão”, afirma Souza.

A mudança será acompanhada por uma repaginada no visual do site. Hoje o Veduca tem aulas de 14 instituições, entre elas as americanas Harvard e Stanford e as três universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp). O portal também reúne palestras gravadas em conferências do TED.

Os 251 cursos online e gratuitos disponíveis atualmente estão organizados em 21 áreas do conhecimento que cobrem toda a gama de assuntos do ensino superior. Até o momento, 300 vídeos já foram legendados para o português por uma equipe de tradutores e colaboradores voluntários. “Qualquer pessoa que saiba inglês pode ajudar”, diz Souza.

O portal já registrou 1,3 milhão de visitantes. “Queremos democratizar o acesso à educação de alta qualidade no Brasil.”


Apenas 13 cursos de graduação a distância têm nota máxima do MEC

Dos 1.207 cursos de graduação a distância registrados no MEC (Ministério da Educação), somente 13 são considerados de excelência.
Foram considerados os que obtiveram nota máxima 5 nos índices CPC (Conceito Preliminar do Curso), baseado na avaliação de documentos, e CC (Conceito de Curso), definido após avaliação in loco do curso por uma comissão do MEC.
O sistema de pontuação é em ordem decrescente e dividido em cinco classificações: excelente (5), muito bom (4), suficiente (3). Cursos com nota abaixo de 3 são reprovados pelo MEC.
Atualmente há 89 cursos EAD com nota 4 e 160 com nota 3. Outros 60 cursos foram reprovados pela avaliação do ministério.
Veja esta artigo da professora Cristiane Koehler (PGIE / UFRGS) relacionado a esta matéria.
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Veja abaixo os cursos à distância com nota máxima no MEC:
  • Administração - UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)
  • Administração - UnB (Universidade de Brasília)
  • Ciências - USP (Universidade de São Paulo)
  • Gestão Comercial - Unesc (Universidade do Extremo Sul Catarinense)
  • Gestão de Micro e Pequenas Empresas - UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina)
  • Gestão da Tecnologia da Informação - UPF (Universidade de Passo Fundo)
  • História - PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro)
  • Letras - UFSM (Universidade Federal de Santa Maria)
  • Música - UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
  • Pedagogia - UFScar (Universidade Federal de São Carlos)
  • Processos Gerenciais - Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas)
  • Sistemas de Computação - UFF (Universidade Federal Fluminense)
  • Teologia - Umesp (Universidade Metodista de São Paulo)
Os critérios de avaliação levam em conta a proposta educacional de ensino e aprendizagem, os sistemas de comunicação, material didático, avaliação, equipe multidisciplinar, infraestrutura de apoio, gestão acadêmico-administrativa e sustentabilidade financeira. O Enade (Exame Nacional dos Estudantes) também é considerado na avaliação do governo.

Sem notas

A maioria dos cursos de graduação a distância autorizados pelo MEC ainda não têm suas notas divulgadas: 885. De acordo com o ministério, a falta de notas pode ter origem pelo processo de reconhecimento do curso (ou sua renovação) estar tramitando ou interposição e recurso pelas instituições de ensino.
Para Renato Bulcão, conselheiro da Abed (Associação Brasileira de Ensino a Distância), o número baixo de cursos considerados dentro dos padrões de qualidade é compreensível. “O processo de avaliação do MEC funciona, mas é lento e demorado. Por isso a lista sai com essa aparente distorção.”
A regulação dos cursos superiores a distância segue dinâmica semelhante àquela dos cursos presenciais.
Para iniciar a oferta de um curso superior na modalidade a distância, a instituição precisa ser credenciada pelo MEC para essa finalidade e ter seu curso autorizado (no caso das faculdades, já que universidades e centros universitários têm autonomia).

Diplomas válidos

O diploma universitário só terá validade no Brasil se o curso for reconhecido pelo MEC. O reconhecimento só é dado após o resultado da avaliação feita quando a primeira turma do novo curso completa entre 50% e 75% de sua carga horária.
A checagem é feita no sistema online, em “consulta interativa”, preenchendo-se o curso e o município da escola.
Para saber as notas das instituições, o modo mais rápido é a “opção avançada”. Após selecionar “curso”, “distância” e “em atividade”, o programa fornece o resultado para ser visualizado em pdf ou excel.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

MBA a distância – 40 mil alunos

Programas de aprimoramento profissional online permitem aos executivos aliar a rotina atribulada com a qualidade de vida.

Com uma agenda cheia em que é preciso caber as tarefas do dia a dia no trabalho, viagens profissionais e vida pessoal, sobra muito pouco tempo para o executivo investir no aprimoramento de sua educação. Por isso, o ensino a distância (EAD) tem sido uma opção cada vez mais procurada. Nos últimos cinco anos, o mercado de MBA a distância tem crescido a uma média de 40% ao ano no Brasil. “O preconceito está diminuindo, pois estamos provando que a qualidade do MBA a distância é a mesma do modelo presencial.

 Com a vantagem de contribuir para a qualidade de vida do executivo”, diz David Forli, vice-coordenador-executivo do programa de ensino a distância da USP. Desde 2011, a USP oferece o MBA Gestão Estratégica a distância. O curso tem 360 horas de carga horária e provas presenciais (exigência do MEC) em 12 Estados brasileiros. Segundo Forli, o ponto alto do curso são as aulas ao vivo. “Além disso, os alunos fazem debates nos fóruns e têm suas dúvidas respondidas pelo professor ou pela equipe de tutores que acompanha o grupo”, explica Forli. Para entrar no curso há uma seleção rigorosa; de cada quatro candidatos, apenas um entra.

Não há dados específicos sobre MBAs, mas, segundo o Instituto de Ensino Superior (Inep), as matrículas em cursos a distância passaram de 0,4% em 2001 para 11,2% em 2010. E um dos melhores termômetros para avaliar a eficácia de um serviço é saber quem o oferece. A Fundação Getulio Vargas (FGV), uma das mais conceituadas instituições de ensino do País, criou até uma área específica, o FGV Online, para atuar no segmento de ensino a distância. Desde 2003, ela oferece cursos de MBA a distância. A Fundação Getulio Vargas possui dez programas diferentes de MBA online com quatro encontros presenciais, que podem ser realizados nas unidades de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Os cursos são voltados para as áreas de administração de empresas com ênfase em gestão, administração para meio ambiente, administração para recursos humanos, marketing, finanças, finanças para controladoria e auditoria, finanças para gestão de investimentos, construção civil, gestão pública e gestão com business law. Os MBAs online têm carga horária de 410 horas/aula em média, com duração de 22 meses. “O MBA a distância é para aquele aluno que tem muita vontade e disciplina, pois exige empenho e dedicação”, afirma Stavros Xanthopoylos, diretor-executivo do FGV Online.

Desde 2009, o Ibmec oferece MBA Executivo Online: aulas com conhecimentos para engenharia, administração de empresas, economia e marketing. Os alunos devem ter concluído a graduação há, no mínimo, três anos e contabilizar cinco anos de experiência de mercado. Desde sua inauguração, a área online do Ibmec cresce a uma média de 30% ao ano. “A necessidade de qualificação junto com a falta de tempo faz do online uma opção cada vez mais procurada por altos executivos que passam uma parte do tempo viajando pelo mundo”, afirma Vladimir Gonçalves, coordenador acadêmico de EAD do Ibmec.

 Segundo ele, cresce também o número de empresas que buscam esse formato educacional para seus executivos. Gonçalves calcula que existam cerca de 40 mil alunos fazendo MBAs a distancia hoje no Brasil.

A Unopar, a maior instituição de ensino superior na modalidade a distância no Brasil, que pertence ao grupo educacional Kroton, possui 20 cursos a distancia de pós-graduação lato sensu, sendo oito MBAs. Entre eles há o MBA Executivo em Negócios, o MBA de Gestão de Pessoas, o MBA em Marketing e o MBA de Gestão Financeira, entre outros. “Na educação a distância, os alunos têm apoio tutorial, materiais didáticos diversos e podem rever aulas e conteúdos a qualquer momento em que tiver necessidade, além de acesso a livros eletrônicos, o que muitas vezes não ocorre em cursos presenciais. Ao contrário do que se pensa, o ensino a distância exige muito mais organização e responsabilidade dos estudantes”, afirma a diretora de Ensino a Distância da Kroton, Elisa Maria Assis.



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sites vendem diplomas falsos de universidades

Fraudadores prometem entregar certificados com suposto reconhecimento do Ministério da Educação em 10 dias.

Diplomas falsificados de nível superior estão sendo vendidos livremente na internet. A compra pode ser feita por qualquer pessoa – até mesmo por quem nunca cursou uma universidade. Os supostos comerciantes oferecem até certificados da área médica. Um diploma de Enfermagem, por exemplo, custa R$ 6 mil.
Em diversos sites, falsificadores prometem entregar os diplomas de curso superior em prazos de até dez dias. Dizem também que o documento entregue terá um suposto reconhecimento do Ministério da Educação (MEC) e será oficializado, com a publicação no Diário Oficial da União (DOU).

Sem saber que se tratava de uma reportagem, um atendente do site Sucesso Corp., explicou por telefone como funciona o esquema ilegal à Rádio Estadão. É preciso enviar documentos à faculdade indicada pelo negociador e pagar 60% do valor, como sinal. Por um diploma de Pedagogia, ele cobrou R$ 4,5 mil.
“Tudo legalizado em 15 dias. Reconhecido e publicado”, afirmou. “Você vai escanear os documentos e mandar por e-mail para lá. Eles vão fazer o encaixe e mandar para o MEC. Em dois ou três dias, o MEC deu OK. Você faz 60%. Mais oito dias, sai a publicação e eu mando levar.”

Identificando-se como Marcos, o atendente também disse que há a possibilidade de o comprador escolher a universidade pela qual o documento falso será emitido. “De repente, eu posso conseguir na (faculdade) que você pretende. Como posso conseguir outra”, disse.

Em outro portal de compras e vendas, um atendente ofereceu os serviços com a promessa de entregar diplomas em todo o País. Também por telefone, o infrator garantiu à reportagem a autenticidade do diploma e disse conseguir um número de registro que dá acesso exclusivo ao histórico escolar de um aluno desistente do curso pretendido.

O homem chegou a oferecer a emissão do diploma por duas instituições de ensino superior de São Paulo. “Aí em São Paulo tem a Presbiteriana (Mackenzie) e, se for o caso, consigo pra você na Unip”, disse.
“O diploma é reconhecido e registrado e tem até o RA. Você vai poder checar dentro da própria instituição a autenticidade do que você está comprando. Tem muita gente que te vende um pedaço de papel e você não pode averiguar nada”, continuou.

Questionado se havia riscos no esquema, ele garantiu que não: “Não vai ter. Se der problema para você, com certeza eles vão chegar até mim”.

Máfia


Questionado sobre o caso, o diretor jurídico da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior, José Roberto Covac, levantou a hipótese de que diplomas originais estejam sendo usados no esquema fraudulento e de que haja envolvimento de funcionários das universidades.

Quem assina o diploma é o reitor. Quando a universidade faz o registro do diploma, ela verifica todo o registro acadêmico do aluno. Parece que há uma máfia e que alguém de dentro da universidade está fabricando documentação e registro. E o reitor acaba até assinando o diploma sem ter conhecimento”, disse.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie afirmou por nota que repudia a comercialização de diplomas. A instituição diz que o processo seria “praticamente impossível de ser realizado dentro da universidade”, por causa do número de setores e profissionais envolvidos na diplomação dos alunos.

Também citada pelo fraudador, a Universidade Paulista (Unip) afirmou que “os sistemas adotados pela instituição inviabilizam o esquema de confecção de diplomas a não formandos”. A Unip disse que pretende procurar a Polícia Civil para requerer a instauração de um inquérito para investigar a identidade de possíveis criminosos e a forma de atuação deles.

Nesta segunda-feira, o MEC encaminhou nota em que informa que, apesar da emissão de diploma ser de responsabilidade de universidades, acompanha todas as denúncias de irregularidades e encaminha para a Polícia Federal. Segundo a assessoria do ministério, a secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior encaminhou no dia No dia 25 de outubro de 2012 ofício ao diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, informando que após uma varredura em sites de busca na internet deparou-se com diversos anúncios de venda de diploma de cursos. No documento, o MEC solicita à Polícia Federal providências na área criminal, punição dos responsáveis, retirada de sites e anúncios sobre o tema.

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Professor deve ajudar aluno a ser autodidata

Dos três adjetivos associados à sua pessoa – visionário, inventivo e futurista -, talvez o primeiro seja o mais adequado para descrever o norte-americano Marc Prensky, especialista em educação e em tecnologia. Prensky é conhecido pela criação dos termos `nativos digitais`, geração que nasceu durante a era digital, e `imigrantes digitais`, aqueles que nasceram antes da explosão digital.

Autor de livros premiados, como o Não me atrapalhe, mãe! Estou aprendendo e Aprendizagem baseada em jogos digitais, Prensky deve lançar no fim do ano sua sexta obra, que vai discutir a reformulação dos currículos ao propor mais ênfase à abordagem de habilidades voltadas ao estímulo do senso crítico, aprofundamento do pensamento, sociabilidade e relacionamento humano.

A convite da Fundação Telefônica Vivo, o escritor fará uma palestra na Campus Party 2013 (evento de inovação tecnológica) amanhã, em São Paulo. Na quinta-feira, Prensky conversou com o Estado por telefone de sua casa em Nova York.

Como o avanço da tecnologia agrava as dificuldades da educação hoje no mundo?

Marc Prensky – A educação formal que oferecemos não é muito boa, independentemente do lugar ou da rede de ensino. Isso porque vivemos num momento onde o tempo é cada vez mais acelerado, cheio de incertezas, complexidades. A educação que nós oferecemos às nossas crianças ainda é a mesma que era oferecida no século passado.

Como adaptar a escola ao novo contexto tecnológico?

Marc Prensky – A forma como os professores ensinam é a mesma. Eles ficam em pé na frente dos alunos e apenas falam, enquanto os estudantes apenas escutam, quando escutam, e fazem anotações. São métodos velhos. O melhor método é único, é o da parceria. E há várias formas de se alcançar bons resultados quando professores e alunos trabalham como parceiros. Estudantes podem fazer suas atividades e o professor deveria estar presente como um guia, uma espécie de técnico esportivo. Essa mudança conceitual é uma forma pedagógica que está mais relacionada a esse novo contexto.

Mas como se daria efetivamente essa parceria?

Marc Prensky – Professores e alunos devem conversar. Não sobre notas, mas sobre quem eles são. E como eles fazem as coisas que fazem. Isso é a principal coisa que falta. Eles acham que são dois grupos diferentes. Eles devem se enxergar como parceiros. Como pessoas que estão trabalhando juntas buscando resolver problemas comuns. Professores precisam conhecer as paixões dos estudantes, a maneira como eles pensam e como eles aprendem. E estudantes precisam saber mais sobre os seus professores. O que eles estão tentando fazer, quais são os seus objetivos. Esse relacionamento pode continuar formal, mas numa maneira menos distante.

O senhor propõe uma revolução nos métodos educacionais?

Marc Prensky – Eu não gosto de falar em revolução. Eu prefiro falar em adaptação a um novo contexto. O aspecto tradicional da escola deve ser preservado, mas ela deve ter como norte a preparação dos alunos para o mundo.

É onde entra a tecnologia?

Marc Prensky – Parte dessa adaptação deve ser feita com a tecnologia, porque as crianças vivem na era da tecnologia. Mas isso é apenas uma parte da questão. Nós devemos deixar os estudantes fazerem coisas úteis, devem pesquisar assuntos que serão discutidos em sala, utilizando cada vez mais a tecnologia. E a função do professor seria responder às dúvidas. A outra parte tem a ver com a maneira como ensinamos. O que ensinamos para as crianças é Matemática, Línguas, Ciência e Estudos Sociais e isso não é o que deveríamos ensinar pensando no futuro.

Deveríamos reformular o currículo então?

Marc Prensky – Sim, nós temos que mesclar as disciplinas. Mas o que eu proponho vai além disso. Nós deveríamos ensinar numa lógica de aprofundamento de habilidades de análise, pensamento, discussão, sociabilidade e relacionamento humano.

Como deve ser a postura do professor?

Marc Prensky – Os professores devem ser como técnicos esportivos. Eles devem ser bons em fazer com que os jogadores sejam bons. O professor deve trabalhar como se fosse um guia que incentiva o aluno a ser mais autodidata.

Os professores devem ser mais tecnológicos?

Marc Prensky – Os professores não deveriam nem se aproximar da tecnologia, porque a função do professor é observar o que os estudantes fazem e ter certeza de que o que eles estão fazendo é de boa qualidade. Eles devem saber apenas as possibilidades que a tecnologia pode oferecer.

Os professores não precisariam nem se familiarizar com o assunto?

Marc Prensky – Eles devem saber que é possível que os estudantes possam se comunicar bem através de um vídeo, e a partir daí avaliar a qualidade do material produzido. Ou seja, os professores não precisam ficar preocupados com a tecnologia. Agora, existe algo que é muito estúpido. Os professores dizem: agora nós todos iremos criar uma apresentação em power point juntos. O que os professores deveriam dizer é que todos precisariam apresentar alguma coisa sobre o conteúdo específico, usando a ferramenta que eles quiserem.

Então como tornar a escola mais atraente?

Marc Prensky – Aumentaríamos o interesse de alunos se mostrássemos a eles porque estamos ensinando o que ensinamos e para quê serve tudo isso. Não damos respostas aos alunos que perguntam porque estamos aprendendo equação quadrática ou porque eles deveriam estudar, em detalhes, a história da Grécia.

Você é um entusiasta dos cursos online, como os do educador Salman Khan, que viraram uma febre na internet?

Marc Prensky – As crianças deveriam ter acesso a cursos online. Mas acho que são velhos métodos em novos formatos. A velha educação apresentada de uma maneira online. Se você quiser promover essa velha educação, tudo bem. Mas se você acha que esse método defasado é ruim, então, fazê-las num formato moderno não adicionada nada. As pessoas ainda tentam consertar um sistema defasado de maneiras diferentes como essa.

QUEM É

O nova-iorquino Marc Prensky, de 67 anos, é considerado um dos maiores especialistas na aplicação de tecnologias nas áreas de educação. Ele é formado em Matemática e Francês com especializações pelas universidades de Yale e pela Escola de Negócios de Harvard. Com passagem por Wall Street, é também criador do site Spree Games e presidente da Game2Train, que utiliza jogos no processo de aprendizagem.

Fonte: Estadão

RIO INAUGURA ESCOLA SEM SALAS, TURMAS OU SÉRIES

Ginásio Experimental de Novas Tecnologias (o Gente) contemplará 180 crianças e jovens da Rocinha. Alunos serão agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem

O Rio de Janeiro começa, nas próximas semanas, a experimentar um novo tipo de escola. Nada de séries, salas de aula com carteiras enfileiradas e crianças ordenadamente caminhando pelo espaço comum. A aposta para dar a 180 crianças e jovens da Rocinha uma educação mais alinhada com o século 21 é o Gente, acrônimo para Ginásio Experimental de Novas Tecnologias, na escola Municipal André Urani. O espaço, que acaba de ser totalmente reformulado para comportar a nova proposta, perdeu paredes, lousas, mesas individuais e professores tradicionais e ganhou grandes salões, tablets, “famílias”, times e mentores.

Não houve pré-seleção. Os alunos que farão parte dessa nova metodologia já são os matriculados na escola antes da reforma. Mas agora as antigas séries serão extintas e não haverá mais as salas de aula tradicionais, com espaço para 30 e poucos alunos. Em vez disso, os jovens – que estariam entre o 7º e 9º anos – serão agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem. A formação das famílias ocorrerá em parte por afinidade, a partir da escolha dos próprios membros, e em parte a pelo diagnóstico de habilidades ao qual os alunos se submeterão no início do ano letivo.

Essa avaliação, que ocorre assim que eles chegarem ao Gente, pretende fazer um raio-x do estado da aprendizagem de cada um, tanto do ponto de vista do conteúdo tradicional quanto das habilidades não cognitivas, como comunicação, senso crítico, autoria. Cada aluno terá um itinerário de aprendizado pessoal, que funciona como uma espécie de playlist, só que em vez de músicas, estarão os pontos que ele precisa aprender ou desenvolver. Será o jovem o responsável por escolher a forma como o conteúdo lhe será entregue – videoaulas, leituras, atividades individuais ou em grupo. Todas as semanas os alunos serão avaliados na Máquina de Testes, um programa inteligente que propõe questões de diferentes níveis de dificuldade, para garantir a evolução no conteúdo. Quando ele não chegar ao resultado esperado, o jovem receberá uma atenção individualizada.

Tal atenção é de responsabilidade do mentor da família, o professor. Cada mentor será responsável por três famílias, que reunidas serão chamadas de equipe. “O mentor deve dar uma educação mais ampla, preocupada não só com os conteúdos tradicionais, mas com higiene, com aspectos socioemocionais do aluno, com a motivação dele”, diz Rafael Parente, subsecretário de novas tecnologias educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio, explicando a mudança no papel do professor naquele contexto. Em vez de dar aula de português ou matemática, o mentor vai ajudar o aluno a encontrar a informação de que precisa para entender o conteúdo, mesmo que o assunto não seja o da sua formação.

Assim, explica Parente, se um professor de língua portuguesa precisar explicar um assunto mais específico de matemática, ele deve pedir ajuda para membros da família, se sentar com o aluno para assistir à videoaula da Educopedia com ele, tentar aprender junto. “O professor não vai ser mais aquele que transmite o conhecimento. Ele vai ser especialista na arte de aprender”, diz o subsecretário. O grupo de mentores que fará parte do Gente foi treinado para essa nova forma de lecionar.

Todos os dias, ao chegarem à escola, os alunos passarão por um momento de acolhida, em que compartilharão com seus pares experiências e expectativas para o dia. A jornada na escola é integral. Neste tempo, com o auxílio de seu itinerário e a liderança do tutor, cada um deverá decidir o que e em que ordem estudar e poderá, à livre escolha, se juntar a grupos de estudo de língua estrangeira, robótica, esportes, artes, desenvolvimento de blogs. É nesse momento que uma pergunta inevitável aparece: mas se o aluno não quiser fazer nada, ele não vai fazer nada, certo? Mais ou menos. Os mentores, explica Parente, estarão sempre por perto para motivar os alunos a avançarem, as avaliações mostrarão quem está ficando para trás e os integrantes da família – o tal grupo de seis – também deve incentivar uns aos outros. “Quando o aluno é protagonista do próprio aprendizado, faz suas escolhas, ele se envolve mais, se empolga mais com a escola.”

A tecnologia é outro fator importante na forma como o projeto foi organizado. Para que os alunos possam escolher entre ambiente virtual ou presencial, era preciso que todos os alunos tivessem acesso a equipamentos e internet. Por isso, cada aluno terá o seu tablet ou netbook e, quando for pedagogicamente justificável, vai poder levá-lo para casa. Todas as dependências do André Urani terão internet sem fio de alta velocidade.

Fonte: Fonte: Portal Porvir