
Um dos principais estudos mundiais sobre o uso de tecnologias na educação, o Horizon Report ganhará uma versão brasileira até o final do ano. Um time de especialistas das mais diversas áreas –como EAD (educação à distância), games, entre outras- vem trabalhando de forma colaborativa desde agosto, com a previsão de lançar a versão nacional do Horizon Report em 21 de novembro.
O relatório mapeia o uso de tecnologias na educação na atualidade e em um horizonte de até cinco anos a partir de sua publicação, apresentando um diagnóstico para o período. Em outras palavras, o educador vai encontrar nele tendências que podem ter impacto no ensino nos próximos anos, levantadas coletivamente por especialistas.
A primeira versão nacional chega através de uma parceria entre a NMC (The New Medium Consortium, organização que edita o relatório original) e a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). “Sentimos falta de um estudo brasileiro que demonstrasse a evolução das tecnologias e sua aplicação nas salas de aula e que pudesse ser comparável com resultados mundiais”, afirma Bruno Gomes, assessor de Tecnologias Educacionais do Sistema Firjan e um dos responsáveis pela parceria.
“Foi muito positivo para nossa comunidade de pesquisadores trabalhar de forma colaborativa”, afirma. Entre as tecnologias levantadas no estudo, Cristiana chama atenção para a relevância do uso de vídeos em sala de aula no Brasil, pouco mencionada nos relatórios internacionais e muito louvada pelos pesquisadores locais. Além das videoaulas, a questão da telefonia móvel também apareceu. “Na minha opinião, ela vai mudar a educação e está entrando com muita força nas escolas”, defende Cristiana.
”’O Brasil é muito diverso. Em cinco anos, escolas particulares estarão em um nível diferente das públicas” João Mattar
João Mattar, outro participante das investigações, aponta que o relatório reuniu pesquisadores de alto nível sobre o tema no Brasil. “As pessoas que participaram são representativas na visão do uso de tecnologias na educação no Brasil”, afirma ele, que ressalta a questão da formação do docente como outro destaque do relatório: “Mais de um pesquisador apontou, em mais de um momento, que para aquela tecnologia em questão funcionar é preciso formar professores. A mensagem geral do relatório é esta: não adianta jogar o computador na mão do professor e esperar que ele se vire”.
Na opinião de Cristiana, também chama atenção no relatório o levantamento de iniciativas pioneiras no Brasil e no mundo, na etapa de investigação. “Fizemos um verdadeiro banco de dados de projetos que utilizam as tecnologias em algum nível na educação e as melhores poderão entrar no relatório”, explica.
Método de investigaçãoO Horizon Report vem sendo construído em um ambiente wiki onde diversos especialistas e professores possam levantar tecnologias e iniciativas, debatê-las e avaliar a sua efetividade e sua absorção nas salas de aula no presente e em um futuro próximo.
Cristiana conta que, a partir destas fases de levantamento, os especialistas votam nas tecnologias que eles consideram mais relevantes. A partir daí, a lista vai ficando menor, até que se estabelece a relação de tecnologias e métodos que vão ganhar destaque no diagnóstico.
Bruno Gomes afirma que este processo pode, ainda, contribuir para o desenvolvimento de novos estudiosos sobre o assunto. “Existem poucos profissionais altamente qualificados neste tema no Brasil. Certamente com a publicação do relatório, teremos uma abertura maior para discussão e incentivaremos novos educadores a refletir e aplicar as tecnologias no ambiente educacional”, acredita.
João Mattar, no entanto, se colocou mais cético a respeito do processo, que questiona as tecnologias que mais podem mudar a educação no Brasil. Para ele, os problemas de infraestrutura das escolas públicas no país são uma questão à parte que deveria ser considerada na elaboração do relatório. “O Brasil é muito diverso. Em cinco anos, escolas particulares estarão em um nível diferente das públicas”, pontua.
Site de Origem: www.institutoclaro.org.br
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